São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Economistas desmentem tendência de retorno às atividades domésticas

MARGARET L. USDANSKY
DO "USA TODAY"

O "Detroit News" publicou recentemente que "a supermulher está cansada de ser super". "Mulheres jovens podem abrir mão da profissão pelo casamento", proclamou o "The Wall Street Journal".
Segundo a imprensa norte-americana, as mulheres se cansaram da "ginástica" diária de coordenar profissão e vida familiar. Frustradas, estariam voltando para casa a fim de cuidar de marido e filhos.
Só há um problema nesse argumento: não é verdade.
"Há poucas evidências de que grande número de mulheres estejam abandonando o mercado de trabalho", registrou um relatório recente do Birô de Estatísticas Trabalhistas dos EUA.
Na verdade, a pequena queda verificada atingiu principalmente mulheres com menos de 25 anos, a maioria das quais não é casada e nem tem filhos.
Elas estão adiando seu ingresso no mercado de trabalho para estender seus estudos –uma tendência igualmente verificada entre os homens da mesma faixa etária.
O relatório, escrito pelo economista Howard Hayghe, foi inspirado pela capa da edição da março da "Barron's". A publicação prevê um "retorno aos anos 50" e mostra a foto de uma mulher de avental, preparando uma torta.
Segundo Hayghe, se as mulheres norte-americanas estivessem desistindo da vida profissional deveria estar ocorrendo uma queda em sua participação no mercado de trabalho. Mas não está.
O que aconteceu foi uma redução no índice de aumento da participação feminina no mercado.
Entre 1962 e 1990, a porcentagem de mulheres que trabalhavam aumentou de 37,9% para 57,5%.
Durante a recessão de 1991, essa porcentagem caiu em menos de um ponto. Mas voltou a subir para 57,9% em 1993.
Essa queda ocorreu entre as mulheres mais jovens. A porcentagem de mulheres de 20 a 24 anos no mercado de trabalho caiu de 73% para 70,4% entre 1987 e 1991, subindo para 71,3% em 1993.
Poucos economistas pensam que isso indique um retorno ao ambiente doméstico pelas seguintes razões:
1) A porcentagem de homens de 20 a 24 anos no mercado de trabalho também caiu de 85,2% para 83,1% entre 1987 e 1993;
2) Houve aumento, tanto para mulheres quanto para homens, da porcentagem de jovens que estudam;
3) Apenas 30% das mulheres de 20 a 24 anos e menos de 10% das que têm 16 a 19 anos são casadas ou têm filhos.
Segundo Hayghe, as mulheres que prolongam seus estudos tendem a se dedicar mais a suas carreiras, porque esperam conseguir melhores empregos e salários.
Trabalhar tornou-se necessidade para algumas mulheres. Para que um casal de classe média consiga viver confortavelmente, é preciso que os dois tenham empregos.
Devido aos divórcios e ao fato de mais jovens estarem adiando seus casamentos, muitas mulheres têm que se sustentar sozinhas.
Segundo Rebecca Blank, economista da Universidade Northwestern, 54% das mães de bebês com menos de um ano de idade atualmente trabalham fora de casa.
A grande dúvida é se a participação feminina no mercado de trabalho vai aumentar ou não. Muitos acadêmicos apostam no crescimento. Nos anos 80, as defasagens salariais entre homens e mulheres diminuíram.

Tradução de Clara Allain

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