São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Idéia é fazer Disneylândia ao avesso

DA REPORTAGEM LOCAL

A arquiteta Maria Elisa Costa, 59, criou o plano urbanístico do Museu Aberto do Descobrimento com um alvo bem definido.
"Gostaria de fazer o avesso da Disneylândia. Não quero competir com as tecnologias do Primeiro Mundo. Vamos oferecer o inverso: a pessoa vai andar no mato, de canoa, de carro de boi", diz.
Sua primeira providência foi riscar do projeto a palavra estrada. Ela só fala em "caminho, caminho de tropeiro e leito carroçável".
O caminho que ela planeja criar, ligando a BR 367 ao Monte Pascoal, ficaria 7 km distante do mar. "Se colocar acesso fácil às praias, você acaba com o litoral".
Filha do arquiteto Lúcio Costa, autor do plano piloto de Brasília, ela acredita que é praticamente impossível conciliar a preservação da paisagem de Porto Seguro com estradas asfaltadas.
Sua idéia é criar concentrações onde se poderia andar de carro ou de ônibus. "Poderia se criar um Trancosinho para evitar que Trancoso seja depredada de vez", exemplifica.
Trancosinho, no seu plano, ficaria fora do vilarejo e lá haveria todas as facilidades contemporâneas.
"Eu gostaria que o museu fosse como uma viagem no tempo. As pessoas seguiriam um ritmo mais lento, mais preguiçoso, mais parecido com o do Brasil de 1500", afirma.
Os confortos que toda região turística exige estariam concentrados nos hotéis, segundo ela.
Outro item do projeto de Maria Elisa é acabar com a profusão de loteamentos que não obedecem plano algum.
Ela acredita que a solução é criar pontos com alta concentração de habitantes e deixar o resto da mata e da costa intactas.
O xis da questão, diz ela, é a velha questão de conciliar preservação e desenvolvimento econômico.
"Temos que transformar a preservação da paisagem num negócio rentável. Boa vontade não existe, é conversa fiada".

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