São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Bruxos sul-africanos usam raios, animais e venenos

FERNANDO ROSSETI
DE JOHANNESBURGO

Há três formas principais de bruxaria: o envenenamento (mais usado por mulheres, já que são elas que cozinham), as ervas, que têm poder medicinal (para o bem ou para o mal), e a intervenção no mundo natural, como fazer uma cobra cruzar o caminho de alguém.
Tanto homens como mulheres são acusados de bruxaria, diz Isak Niehaus. "Os homens mandam mais animais e raios."
Além do chefe, que tem acesso ao sobrenatural garantido pelo seu contato próximo com nobres ancestrais, há homens e mulheres que lidam com isso abertamente.
"Os sangomas normalmente passam por um bom treinamento, são médicos, sabem lidar com as ervas", relata o responsável pela área na polícia do PWV, coronel Eugene Opperman.
É o caso da espírita brasileira Judith Rodrigues Correa de Freitas, 67, que atende de cinco a oito pessoas por dia em sua casa em Johannesburgo. "Minha mediunidade é médica", diz ela.
As velas que acende queimam de forma estranha: aparecem cruzes e santos. Um grupo sul-africano está fazendo um documentário em vídeo sobre ela denominado "O mistério das velas".
A acusação de bruxaria geralmente recai sobre pessoas mais velhas. "Acredita-se que os jovens não têm poder de controlar o sobrenatural", afirma Niehaus.
Na semana passada, a polícia do Transvaal do Norte revelou o caso de um garoto de 11 anos que foi obrigado a pôr fogo em seu avô de 70 anos e em sua avó, de 60.
Isso depois que Silas Selamela, 22, acusou os dois de o terem enfeitiçado, levando-o a matar a facadas Frans Monyebodi, 22, em uma briga de bar.
"Para mim, isso é um problema de alcoolismo que está sendo camuflado com bruxaria", afirma Edwin Ritcken, que acaba de apresentar uma tese sobre o tema na Universidade de Witwatersrand.
Cerca de cem jovens participaram do linchamento dos avós do menino. Dois foram presos.
(FR)

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