São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Prova final

Prova final
A Folha publica hoje o caderno especial "

A Folha publica hoje o caderno especial "Prova final", comparando os programas de governo dos principais candidatos à Presidência. É a última parte da série "Brasil 95", iniciada há cinco meses, um esforço inédito no país no sentido de fornecer um diagnóstico amplo e profundo de grandes problemas nacionais e contrastar as propostas dos diferentes concorrentes ao Planalto.
Hoje, a 8 dias do pleito, o caderno traz sínteses dos programas feitas pelos seus respectivos coordenadores (com exceção de Orestes Quércia, que não enviou o texto no prazo estipulado), bem como uma análise comparativa realizada por especialistas de cada setor.
Chama a atenção desde logo que o diagnóstico dos candidatos é basicamente convergente, refletindo tanto consensos consolidados no país como as evidências da realidade concreta. Assim é, por exemplo, que todos admitem o esgotamento do modelo industrial que vigorou no país até 1980, concordam que a atual estrutura fiscal tende a inviabilizar a atuação do Estado e ressaltam que a rede de transportes está em franca deterioração.
No que se refere às propostas, os candidatos muitas vezes não ultrapassam o limite de vagas generalidades, como no caso do sistema tributário e da reforma do Judiciário.
Há contudo setores nos quais as propostas surgem mais concretas e mostram também um certo consenso, em particular entre os dois principais concorrentes da disputa presidencial. Pregam a descentralização na área da saúde, defendem juros especiais para o setor agrícola, postulam a reforma agrária.
Mesmo em meio às generalidades e a algumas semelhanças, contudo, os programas revelam diferenças cruciais tanto de teses quanto de ênfase e grau e, nesse sentido, servem à sua função de permitir ao eleitor distinguir os candidatos entre si. No caso de Lula e Fernando Henrique essa distinção é clara quanto ao papel do Estado.
FHC, por exemplo, defende a flexibilização do monopólio do petróleo, enquanto Lula prega sua manutenção. O programa do PT no geral favorece um poder público muito mais ativo e intervencionista na economia do que o do PSDB, que o quer mais como regulador e coordenador de políticas econômicas, enxugado por privatizações.
A distinção maior entre os dois programas talvez seja exatamente essa visão da ação do Estado na economia. A escolha é do eleitor.

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