São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Waters retorna em boa forma

RICARDO CALIM

Há exatas três décadas, John Waters escandaliza o público com seu universo cinematográfico bizarro. Em 72, o mais "trash" dos cineastas filmava o travesti Divine (150kg) comendo os excrementos de um poodle em "Pink Flamingos".
De lá para cá, muita coisa mudou. Ou, como prefere o próprio Waters, ele já não é mais um garoto de vinte e poucos anos (tem 47). Seu filme mais recente, "Mamãe É de Morte", traz como protagonista a estrela Kathleen Turner (com uns quilinhos a mais, mas ainda longe de Divine) e uma produção cara para o padrão Waters (US$ 13 milhões).
"Mamãe é de Morte" conta a história de uma dona de casa (Kathleen Turner) que começa a assassinar friamente seus desafetos e os de sua família. Mas, em vez de ser rejeitada, vira uma espécie de heroína feminista e politicamente correta.
Por trás do argumento banal, Waters volta a destilar sua crítica pouco sutil à sociedade americana. Nesse contexto, a escolha de um "serial killer" não vem por acaso; afinal, é um dos mais típicos subprodutos do "american way of life".
E, ao contrário do que Waters sugere, a idade não abrandou totalmente seu estilo. O diretor prova que continua em boa forma –como na cena em que Turner deixa de lado uma faca para matar uma velhota com uma perna de carneiro. Para Waters, a extravagância é sempre a alternativa correta.
Ricardo Calil

Mamãe é de Morte (Serial Mom). EUA, 1994. Estréia prevista para sexta, 30. Salas e horários a confirmar.

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