São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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País pede mudanças em Conselho da ONU

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defenderá hoje em Nova York, na abertura da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), a participação permanente do Brasil no Conselho de Segurança.
Ele pedirá também a convocação de uma conferência sobre o desenvolvimento e cobrará dos países mais ricos uma parceria mais direta com as nações mais pobres.
Hoje, têm lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU os Estados Unidos, a França, a China, a Inglaterra e a Rússia.
O conselho toma decisões –sempre por unanimidade dos membros permanentes– como a autorização para a ocupação do Haiti por tropas dos EUA e para a Guerra do Golfo, em 91.
No seu discurso, Amorim vai defender a participação de "países em desenvolvimento" num Conselho de Segurança ampliado, para democratizar suas decisões.
Ao defender a indicação do Brasil, Amorim dirá que "temos deixado clara nossa disposição de assumir todas as responsabilidades inerentes aos países que se credenciarem a ocupar assentos permanentes".
A Argentina é contra a indicação do Brasil para um lugar permanente no Conselho. A ocupação do Haiti poderia não acontecer caso o Brasil participasse do conselho como membro permanente, pois o país é contra essa operação.
Ao falar sobre desenvolvimento conjunto das nações, Amorim dirá que "um esforço internacional" neste sentido "só será bem sucedido se contar com uma parceira ativa e mutuamente vantajosa entre países do norte e do sul".
"Acreditar no contrário é acreditar que o incêndio que consome a casa do vizinho jamais ultrapassará as cercas de nossa casa. É, numa palavra, uma insensatez, cujo preço povo algum parece rico o bastante para pagar", ressaltará.
O chanceler brasileiro também defenderá "uma política de mão estendida, de diálogo e de aproximação" em relação a Cuba. Para ele, o isolamente imposto a Cuba, "além de injustificado, somente contribui para aumentar o sofrimento do povo cubano".
Amorim também vai criticar a ocupação do Haiti comandada pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, repetindo uma posição já declarada do governo brasileiro.
"É motivo de inquietação para nós que os princípios da não-intervenção e da auto-determinação sejam objeto de interpretações incompatíveis com as cartas da ONU e a OEA. A gravidade da crise haitiana e a urgência em resolvê-la não nos impedem de ver os riscos embutidos numa situação que evoca traumas e cicatrizes ainda vivos na memória da América Latina".

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