São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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Parlamento de escritores abre amanhã em Lisboa
BETTY MILAN
O parlamento foi criado para que os escritores possam escapar aos particularismos e aos isolacionismos linguísticos e nacionais, tenham como defender abertamente a autonomia da literatura e refletir sobre as questões pertinentes ao seu campo de ação e aos modos possíveis de engajamento. O parlamento não se estrutura a partir de organizações nacionais, mas a nível internacional. Tampouco se organiza para a promoção coletiva de privilégios e exclui toda forma de agrupamento corporativista. Pretende inventar formas de ação novas, fazendo apelos à imaginação e às formas artísticas. A reunião de Lisboa, que acontecerá na Fundação Gulbenkian e deve durar três dias, visa discutir a estrutura do parlamento, definir a sua especificidade em relação às outras organizações de escritores e fixar os seus objetivos. Estão previstas intervenções sobre os seguintes temas: "A Mídia e os Intelectuais", "As Cidades-Refúgio dos Escritores", "O Papel da Imprensa e da Academia Sérvia na Legitimação da Ideologia Nacionalista". Um certo número de jornalistas e escritores, que têm sofrido perseguições nos seus países, irão testemunhar sobre a sua condição de vida. Já foi divulgada a participação do diretor do jornal "Al-Watan", da Argélia, onde em junho de 1993 foram assassinados vários intelectuais. Especula-se sobre as presenças, que não podem ser anunciadas, de Salman Rushdie, na clandestinidade há quatro anos, e de Talisma Nasreen. A escritora foi condenada à morte há um ano pelos muçulmanos de Bangladesh por "propósitos pornográficos e blasfematórios e afrontas aos sentimentos religiosos dos muçulmanos". Constam da lista de participantes confirmados os escritores Breytenbach (África do Sul), Hélène Cixous (França), Jacques Derrida (França), Hans Magnus Enzensberger (Alemanha), Giovanni Giudici (Itália), Edouard Glissant (Martinica), Alla Hamed (Egito), Kazuo Ishiguro (Japão), Juan Jose Saer (Argentina), José Saramago (Portugal) e Wole Soyinka (Nigéria, Prêmio Nobel de Literatura), entre outros. Texto Anterior: Jornal italiano divulga última obra de Fellini Próximo Texto: Além das passarelas Índice |
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