São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Além das passarelas

ZECA CAMARGO

Agora que a "era dos desfiles nacionais" já deixou todos comemorando a chegada do Brasil ao Primeiro Mundo da moda (...), as grandes confecções podiam começar a se preocupar com outro aspecto do marketing de seus produtos: o catálogo da coleção. E, nessa categoria, nada pode ser de inspiração maior do que o último da marca italiana Dolce & Gabbana.
Tanto no trabalho de fotografia quanto no de desenho gráfico, esse catálogo deixa longe a produção brasileira (e internacional, mesmo a japonesa), mais próxima a catálogos de lojas de departamento "revisitados" por artistas gráficos –para dar aquele "tapinha"...
Criado pelo brasileiro (residente em Milão) Giovanni Bianco –com colaboração da italiana Suzanna Cucco–, a "peça" de Dolce & Gabbana chega num formato estranho, vertical demais, "encapado" com o que parece ser um papel vegetal bem grosso.
Na verdade, esse papel é um suporte esperto, que faz com que o catálogo possa ser folheado indefinidamente. Não é simples de explicar, mas esse "suporte" permite um virar de páginas infinito num sentido só –brilhante.
Algumas páginas têm cortes inesperados, permitindo outras leituras das ótimas fotos da coleção (assinadas por Lorenzo Tricoli) com as outras imagens e grafismos, num sofisticado quebra-cabeças.
A desculpa de sempre é que "catálogo custa caro"... Mas, considerando os orçamentos dos últimos desfiles por aqui, um investimento desses é insignificante. Além de durar mais do que o tempo de uma caminhada de ida e volta na passarela, claro.

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