São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA anunciam suspensão do boicote

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, anunciou ontem a suspensão do boicote econômico e de outras sanções contra o Haiti, em discurso à Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas.
Vôos comerciais regulares entre EUA e Haiti vão ser retomados nos próximos dias.
Transações comerciais entre os dois países também poderão ser reiniciadas ainda esta semana.
A questão do Haiti ocupou a maior parte do pronunciamento de 25 minutos de Clinton, feito após ao do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
"Este é um momento de oportunidade para a democracia" no Haiti, disse Clinton para justificar a medida. Algumas sanções que beneficiam os líderes militares haitianos continuam em vigor.
Entre elas, o congelamento de contas bancárias e bens de 600 pessoas ligadas ao regime que depôs o presidente eleito Jean-Bertrand Aristide e a proibição do comércio de armas com o Haiti.
O levantamento do boicote cumpre, oito dias depois do combinado, uma das cláusulas do acordo firmado pelo ex-presidente Jimmy Carter e o presidente de fato do Haiti, Emile Jonassaint.
A princípio, Clinton havia resolvido não suspender o boicote como gesto de boa-vontade em relação a Aristide, que se opunha ao acordo acertado por Carter. Mas no domingo o próprio Aristude pediu o fim do bloqueio.
O presidente dos EUA recheou seu discurso com autoelogios. Disse que a operação mostrou que "progressos podem ser feitos quando uma coalizão apóia a diplomacia usada junto com o poder militar".
Mas pesquisas de opinião pública divulgadas ontem mostram que a maioria dos americanos não concorda com essa avaliação.
As pessoas consultadas ainda se opõem à presença de militares norte-americanos no Haiti e condenam a atuação de Clinton durante a crise.
As pesquisas foram feitas antes do primeiro incidente com violência desde a ocupação pacífica do Haiti, há uma semana.
A notícia do embate de rua em que fuzileiros navais norte-americanos mataram dez soldados da polícia do Haiti fez com que aumentassem as pressões no Congresso para se marcar uma data para o retorno das tropas.
O secretário da Defesa, William Perry, disse a diversos parlamentares dos dois partidos que o estabelecimento de um limite para a permanência dos soldados dos EUA no Haiti coloca em risco o sucesso da sua missão no país.

Texto Anterior: Polícia do Haiti passa ao comando americano
Próximo Texto: Mulheres denunciam abusos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.