São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994 |
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Refugiados retornam ao país
CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
Aos gritos de "viva Aristide", 5.000 pessoas se aglomeraram em frente à marina, sob um calor de 45 graus. "Estou chegando ao meu país com o coração aberto porque sei que Aristide está voltando", afirmou o escultor Pierre Tollou, 38, que há dois meses vivia na base naval de Guantánamo, em Cuba. Foi nesse clima de euforia que se marcou para a próxima sexta-feira uma passeata pela volta de Jean-Bertrand Aristide, presidente deposto por golpe militar em 91. São esperadas 500 mil pessoas em frente ao Palácio do Governo, sede administrativa do general Raoul Cedras. Ontem foi o primeiro dia, desde a invasão, que as "guaguas" (ônibus multicoloridos) circularam pelo centro da capital. A cidade voltou a ficar congestionada e o clima é de expectativa. Também foi reativado o comércio nas ruas. Como a maioria dos estabelecimentos está destruída, as calçadas têm servido de balcão para mais de 100 mil comerciantes. A gasolina, que há uma semana simplesmente não existia na cidade, já pode ser encontrada com facilidade, por US$ 20 o litro. O refrigerante de 300 ml está custando US$ 5, dez vezes mais do que o preço no Brasil. Com o incidente ocorrido sábado no Cabo Haitiano, comandos aéreos de assalto rápido voltaram a vigiar os céus da cidade. Também pela primeira vez desde a invasão, esses comandos atravessaram toda a noite de domingo para segunda-feira fazendo vôos baixos em busca de grupos paramilitares. Tropas de assalto, compostas de 12 homens e quatro carros blindados Hummer, passam a cada cinco minutos nas ruas da capital haitiana. Apenas uma semana depois da invasão, pode-se sentir nas calçadas que os americanos estão tomando conta do país. (CJT) Texto Anterior: Mulheres denunciam abusos Próximo Texto: Parlamento reabre amanhã Índice |
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