São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 1994
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Desaparecidos; Lula no Anahngabaú; Feira de Frankfurt; Cocar de índio; Política de segurança; Carta de campanha; Verbas para a saúde; A pressão dos aluguéis; Gasolina barata

Desaparecidos
"Causou-me mal-estar ver o sr. Romeu Tuma –delegado envolvido no aparato repressivo da ditadura militar– acusar a nós familiares de mortos e desaparecidos políticos de nos manifestarmos de maneira 'não justa, nem honesta' em relação a sua candidatura. O sr. Tuma não pode negar que pertenceu aos órgãos de repressão política responsáveis pelas prisões arbitrárias, torturas, assassinatos e desaparecimentos de nossos parentes. No entanto, ele insiste em negar. O objetivo dos familiares de mortos e desaparecidos políticos, à época da ditadura militar, é buscar o paradeiro dos seus entes queridos: como e quem os assassinou e onde estão localizados seus restos mortais. A reconstrução democrática não pode deixar impunes os responsáveis pela tortura e por assassinatos e, no esquecimento, as suas vítimas."
Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos (São Paulo, SP)

Lula no Anhangabaú
"De acordo com números da Polícia Militar, o Partido dos Trabalhadores levou ao Anhangabaú cerca de 100 mil pessoas. No entanto, a Folha não mostra a foto deste público que formou o maior comício desta tumultuada campanha. A própria Folha pergunta rotineiramente sobre a militância do PT. Pois bem, neste último domingo a militância apareceu, mas ninguém mostrou. Que jornalismo é esse que esconde os fatos? Lula tem razão ao reclamar da imprensa, pois a diferença de tratamento de um candidato para outro é flagrante. Pelas duas fotos, uma de Lula com o garoto de rua, e outra com Chico Buarque, havia pelo menos dois fotógrafos da Folha no comício. Pergunto: para que tantos?"
Luiz Azevedo, deputado estadual pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Feira de Frankfurt
"Gostei de ver –a ilustração que Mario Cafiero fez para o Mais!, é muito bonita– e ler: a Folha de 25/09 dedicou várias páginas à Feira do Livro de Frankfurt, cujo diretor, Peter Weidehaas, foi claro: 'o Brasil foi escolhido como país-tema da feira este ano porque achamos que o Brasil, com sua rica literatura e cultura, é um país que vale a pena conhecer melhor'. Os artigos de José Geraldo Couto e Marilene Felinto deram uma boa idéia do contexto em que os alemães nos recebem. Ainda fazemos pouco para levar os autores brasileiros aos latins da galáxia de Gutenberg. Na maior feira de livros do mundo, nossos editores limitam-se à importação. Os alemães sabem como nos ajudar, mas nossos principais aliados devemos ser nós mesmos."
Deonísio da Silva, escritor e diretor da Universidade Federal de São Carlos (São Carlos, SP)

Cocar de índio
"Em todas as eleições os jornais repetem a mesma estupidez, carregada de discriminação e preconceito: 'cocar de índio dá azar para os candidatos'. De tanto ser repetida, esta besteira virou 'tradição' do folclore político. Para 'azar' do candidato da Frente Brasil Popular, a Folha de 22/09 voltou a divulgar a tolice na capa e na página 3 do caderno Supereleição."
Antônio Carlos Queiroz (Brasília, DF)

Política de segurança
"Em nome de todas as entidades e pesquisadores que colaboraram para o programa da coligação Frente Brasil Popular sobre violência e política de segurança, queremos cumprimentar a Folha, o caderno Supereleição e o jornalista Fernando de Barros e Silva pela criteriosa informação dada àquela proposta."
Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Victória Benevides, Plínio de Arruda Sampaio, Rosa Maria Fisher, José Luiz Del Roio e Guaracy Mingardi (São Paulo, SP)

Carta de campanha
"Com surpresa, recebi carta com propaganda política dos srs. Fernando Henrique Cardoso e Mario Covas encaminhada pelo professor Franco Montoro, da PUC-SP, onde sou aluna do 5º ano de Direito. Mais surpresa fico quando constato que o apelo político contido na incrível cart, funda-se na ética e na dignidade, no mesmo instante em que usa o cadastro particular de endereços daquela faculdade, que recebe polpudas verbas governamentais, em flagrante violação dos princípios mínimos de ética e cidadania."
Valéria Fonseca (São Paulo, SP)

Verbas para a saúde
"O ministro Ciro Gomes anunciou a liberação de US$ 550 milhões/mês para gastos com a saúde. O Ministério da Saúde considera que o mínimo necessário para manutenção das ações de saúde são US$ 800 milhões/mês, sendo que apenas para atendimento ambulatorial e internação hospitalar são necessários US$ 600 milhões. Portanto, o ministro da Fazenda cristalizou a situação de cortes de verba na saúde que manterá o genocídio já denunciado pelo próprio ministro Henrique Santillo –expresso, por exemplo, no aumento da mortalidade infantil nos Estados do Nordeste, inclusive no Ceará."
Eurípedes B. Carvalho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Rio de Janeiro, RJ)

A pressão dos aluguéis
"Causou-nos grande estranheza a manchete 'Aluguel sobe e pressiona inflação' (26/8): a) na fase anterior à criação do real, o governo incentivou a conversão amigável do valor dos aluguéis; b) as notícias desencontradas que vazaram da equipe econômica acabaram por desestimular os inquilinos a fazerem a conversão; c) os aluguéis não sofriam reajustes mensais como os salários, e os reajustes semestrais já se constituíam em grande perda para os locadores; d) a aplicação da conversão pela média agravou essas perdas; e) os acordos de negociação não deveriam jamais pesar na coleta de índices medidores da inflação, pois a atualização dos imóveis locados dos valores locativos por acordo não representa aumento do preço de mercado dos aluguéis dos imóveis vagos, assim como a aplicação de um reajuste semestral representava mera reposição de valor. Por outro lado, o mercado de imóveis para locação só se normalizará no dia em que o governo e a própria imprensa entenderem que a remuneração justa para o locador é a equivalente ao rendimento que ele teria se o capital investido no imóvel fosse aplicado numa caderneta de poupança, por exemplo."
Tania Maria Galvão (Curitiba, PR)

Gasolina barata
"No escândalo do ministro Ricupero (via antena parabólica), nós soubemos o que o governo pensava na época. 'Fingimos que vamos abaixar o preço para dar um susto na Petrobrás, damos firmeza a eles para enfrentarem as reivindicações, e desviamos a atenção do IPC-r...'. Parece que mudou apenas o ministro –agora o sr. Ciro Gomes. Entretanto, as práticas para tapear a população continuam as mesmas."
Aguinaldo H. Guimarães Jr. (Rio de Janeiro, RJ)

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