São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 1994
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Empresa 'faz-tudo' ganha clientela

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres obrigadas a conciliar atividades domésticas com a vida profissional e os homens solteiros não precisam mais se desesperar na hora de executar tarefas de casa.
Com uma ligação telefônica, é possível acionar empresas especializadas em ir ao supermercado e à feira, pagar contas em banco ou pegar as crianças na escola. Não se gasta muito com isso.
A Feira Fone Steak, por exemplo, faz toda a feira para seus clientes (incluindo carnes e laticínios) e cobra apenas R$ 2,00 além do custo das mercadorias.
As primeiras empresas especializada em realizar tarefas domésticas surgiram há cerca de sete anos e se limitavam a fazer compras de supermercado ou cuidar de crianças enquanto os pais estavam fora.
Um dos pioneiros no ramo e há dez anos no mercado, Gilmar Cardoso Leite, 36, sócio da Jet Sky, não se arrepende de ter abandonado o emprego numa multinacional de cigarros para se especializar naquilo que os outros não querem ou não podem fazer.
A Jet Sky tem hoje uma frota de 250 motocicletas e conta com 270 funcionários que passam o dia em bancos e cartórios resolvendo problemas para empresas e clientes particulares.
"A onda de prestação de serviços chegou agora até a casa das pessoas. Fico impressionado como a cada dia surge uma empresa nova fazendo trabalhos semelhantes ao nosso", diz Leite.
Nos últimos dois anos, o número de empresas e a variedade de serviços oferecidos cresceram muito, mostrando que existe um mercado em potencial a ser explorado.
As amigas Luciane Sabbag, 20, Janaína Lopes, 28, e Sheila Abreu, 22, são novas no setor, mas concordam com o sócio da Jet Sky e acham que o negócio só tende a crescer.
As três montaram a Partnership há cerca de três meses, pensando na crescente falta de tempo das pessoas para fazer trabalhos domésticos.
"Ainda é cedo para saber exatamente quanto vamos poder tirar por mês, mas já deu para perceber que vale a pena. Até porque, os serviços que prestamos são essenciais para todo mundo e o tempo para realizá-los é cada vez menor", afirma Luciane.
As sócias se transformaram em donas-de-casa que passam o dia fazendo compras, pagando contas, acompanhando idosos e levando crianças da escola para o curso de inglês e balé e depois de volta para casa.
"Começamos com dois clientes e hoje já temos pelo menos 20 regulares. A maioria é de homens solteiros e de casais que trabalham fora o dia todo ou que viajam com frequência", diz Janaína.
Montar uma empresa desse setor também pode ser uma boa opção para quem está pensando em abrir seu próprio negócio, como aconteceu também com Anelise Brittes, 29, proprietária da In House Magazine junto com o marido, Carlos Eduardo Brittes.
"Meu marido era sócio de uma indústria de bebedouros, mas queria ter seu próprio negócio. Pensamos em vender produtos por catálogo e descobrimos que havia uma carência na área de supermercados. Investimos tudo que tínhamos e não nos arrependemos", afirma.
A In House Magazine apostou na pouca vontade que alguns paulistanos têm em fazer supermercado e, sobretudo, na falta de tempo para enfrentar filas nos caixas.
"Hoje em dia todo mundo vive correndo e sobra pouco tempo para realizar as tarefas cotidianas. Por isso, acho que vão surgir cada vez mais empresas especializadas em executar tarefas domésticas", diz.
Segundo Anelise, a conquista do público foi lenta, mas hoje a clientela não pára de crescer.
"Foi preciso vencer uma barreira cultural. As pessoas cresceram indo ao supermercado com as mães e se sentem culpadas por não conseguir dar conta do recado. Mas no fim, todas terminam se rendendo à comodidade dos nossos serviços", afirma.

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