São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Brasil aperfeiçoa o 'ataque total' para conquistar título

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira masculina de vôlei começa a buscar, a partir do próximo dia 29, o único título que permanece inédito em sua história, o de campeão mundial.
Medalha de ouro na Olimpíada de Barcelona (Espanha), em 1992, e campeão da Liga Mundial de 1993, a equipe do Brasil tem, no Campeonato Mundial da Grécia, a chance de completar a trilogia das principais competições do vôlei internacional.
Até hoje, a melhor colocação que o Brasil alcançou foi na edição de 1982 do torneio, na Argentina. A chamada "geração de prata" perdeu para a ex-URSS na final e terminou no segundo posto.
No Mundial de 1990, no Rio de Janeiro, os brasileiros, mesmo jogando em casa, ficaram com o quarto lugar, atrás de Itália, Cuba e, novamente, da ex-URSS.
Para o torneio grego, os jogadores do Brasil são unânimes em incluir a própria equipe na lista das favoritas ao título.
Já o técnico brasileiro José Roberto Guimarães tem outra definição. "O Brasil corre por fora. Os favoritos são Rússia, Holanda, Cuba e Itália. ", afirmou. "Estar entre os primeiros é primordial para a seleção brasileira", completou o treinador.
José Roberto criticou publicamente sua equipe este mês. Segundo ele, faltou empenho dos jogadores em treinos e nos quatro amistosos contra a Bulgária no final de agosto. O Brasil foi derrotado duas vezes pelos búlgaros.
A morte do pai do levantador Maurício, na véspera do embarque para o Mundial, foi novo fator de desequilíbrio, embora o jogador pareça ter reagido bem ao fato.
Além disso, o técnico chegou a afastar um dos maiores astros do time, o atacante Giovane, por deficiência no passe e no ataque.
O atacante, porém, reconquistou sua vaga nos amistosos que a seleção brasileira realizou no último fim-de-semana em Sófia, na Bulgária, duas vitórias contra o time da casa (2 a 1 e 3 a 2) e uma contra a Rússia (3 a 1). Assim, José Roberto definiu sua equipe titular com Maurício, Tande, Carlão, Paulão, Giovane e Marcelo Negrão.
Mais uma vez, os brasileiros usarão a tática do "ataque total". Todos os jogadores têm funções ofensivas e atacam de todas as posições da quadra.
Não foi à toa, por exemplo, que a seleção teve o melhor índice de aproveitamento no ataque na fase final da Liga Mundial de 94: 87,7% de eficiência.
Individualmente, o atacante Marcelo Negrão, 21 anos e 1,98 m, conseguiu a marca de 92% de eficiência no ataque. Isto significa que, em cem cortadas do atacante, apenas oito não se converteram em ponto ou vantagem para o Brasil.
"Estamos bem preparados, com um time mais experiente que nos outros anos. Mas o Mundial está equilibrado. Tem Itália, Cuba, Rússia e Holanda, equipes que sempre chegam às finais", disse Negrão.
O levantador Maurício, 26 anos e 1,84 m, acha que tem a fórmula da vitória. "Temos que pensar em cada adversário isoladamente, sem precipitações. O Brasil é um dos favoritos, mas não é o único", disse.
Apesar das recomendações, o otimismo predomina. "Só vamos estar satisfeitos se chegarmos à final", afirmou Tande. "A gente sabe que tem possibilidades de obter bons resultados", falou Carlão.
Como adversários na primeira fase do Mundial, completando o Grupo B, o Brasil terá Alemanha, Argentina e EUA.
Os alemães preocupam o técnico José Roberto pela altura média do time, que chega a 2,03 m, contra 1,96 m dos brasileiros. Será a primeira participação da Alemanha unificada num Mundial de vôlei.
Contra a Argentina, o Brasil conta, pelo menos, com o retrospecto. De 42 partidas disputadas entre as duas equipes, os brasileiros venceram 31.
Por fim, os EUA não são nem sombra da equipe que foi campeã mundial em 1986, em Paris (França). Na Liga-94, foram 12 derrotas em 12 partidas, resultados que certamente não credenciam os norte-americanos ao título.

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