São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Lula já planeja sua vida sem a vitória

AMÉRICO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O petista Luiz Inácio Lula da Silva já começa a planejar o que vai fazer da vida caso perca a eleição presidencial. Ele pretende continuar viajando pelo país, como vem fazendo há mais de um ano.
Em abril de 93, Lula começou a percorrer o Brasil em viagens que os petistas apelidaram de "caravanas da cidadania".
O próprio candidato gosta de repetir em todos os seus comícios que percorreu nas viagens cerca de 41 mil quilômetros, visitando todos os Estados do país.
Ontem pela manhã, em Belo Horizonte, Lula afirmou que sua vida não depende da vitória na disputa eleitoral. "A eleição é apenas uma etapa da minha vida", disse.
Ele chegou a dizer que viveu 49 anos sem ganhar uma eleição presidencial e que, por isso, pode continuar vivendo normalmente, caso seja derrotado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Segundo o candidato petista, seu projeto é "organizar a sociedade brasileira". Ele não esclareceu de que forma vai fazer isso e nem mesmo que tipo de organização deseja para a população.
No entanto, deixou entender que planeja continuar dando ênfase à sua atividade partidária.
"É possível que uma ou duas semanas depois da eleição eu já esteja viajando, organizando alguma atividade partidária pelo país".
Lula criticou seus adversários. Sem citar nomes, ele afirmou que alguns políticos só viajam o país em época de eleição.
O candidato voltou a dizer que vai continuar conversando com FHC, qualquer que seja o resultado das eleições.
Ele não quis confirmar se as conversas incluiriam uma eventual composição para o próximo governo. Creditou o bom relacionamento com o adversário a uma "amizade de 16 anos".
Antes de dar essas declarações a uma emissora de rádio de Minas, o petista disse que estava curioso para conhecer algumas regiões do interior de Minas Gerais.
Inimigo invisível
Ontem, antes de viajar a Brasília, o candidato admitiu que a maior dificuldade de sua campanha foi criticar o Plano Real. Ele classificou o programa econômico de "inimigo invisível, que não pede votos a ninguém". Mas disse não acreditar que o seu partido tenha cometido erros na campanha.
Lula manifestou preocupação com o crescimento de Enéas Carneiro (Prona), nas pesquisas eleitorais. Ele avalia que Enéas representa "o lado fascista da eleição".
O candidato também se disse surpreso com o desempenho de Orestes Quércia (PMDB) e Leonel Brizola (PDT). Caso os dois subissem alguns pontos percentuais, o PT eficaria mais próximo de disputar o segundo turno da eleição.

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