São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994
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Multa gera mais cartões mas não faz violência cair

DA REPORTAGEM LOCAL

A experiência feita na primeira fase do Campeonato Brasileiro de substituir a suspensão automática após três cartões amarelos por uma multa de R$ 50,00 não coibiu a violência nos campos.
A medida foi criada pelos próprios clubes, através da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). E abolida na segunda fase do torneio a pedido dos mesmos.
Na verdade, o sistema só fez aumentar a média de cartões amarelos e vermelhos, se comparado aos números do ano passado. A média de faltas, porém, permaneceu a mesma.
Segundo o Datafolha, a média de faltas da primeira fase do campeonato é de 23 infrações cometidas por equipe por partida.
Este número é idêntico ao do campeonato de 1993. Ou seja, a multa não surtiu efeito de inibir a violência nos jogos, fim para o qual foi criada.
A média de cartões amarelos no mesmo período aumentou cerca de 11%. No ano passado, contabilizadas as 254 partidas do campeonato, foram dados 1.114 amarelos. Uma média de 4,38 por jogo.
Em 90 jogos da primeira fase do Brasileiro deste ano, 443 amarelos foram imputados pelos juízes aos jogadores.
A média de cartões vermelhos subiu mais, 34%. A média do ano passado foi de 0,52 por jogo enquanto a da primeira fase deste ano chegou a 0,70.
Este acréscimo reflete também a determinação da Fifa que pediu mais rigor por parte dos árbitros em relação a algumas jogadas como falta por trás, falta cometida pelo último homem da defesa etc.
A maior média de cartões, sem alteração no número de faltas, mostra que a multa não fez os jogadores diminuírem as jogadas violentas. Parece que a suspensão pesa mais do que o dinheiro.
Outro motivo pode ser o valor da multa. Para os clubes, R$ 50,00 não chega a ser um grande ônus.
Para efeito de comparação, em 90 jogos da primeira fase, a CBF faturou R$ 22.150,00 com os amarelos e a renda da partida entre Corinthians e Criciúma, no último domingo, foi de R$ 164.588,00.
Ou seja, a multa por amarelos é ínfima perto dos valores com que os clubes estão acostumados a lidar.
Tanto que times como o Corinthians, que teve seis jogadores expulsos em nove partidas, adotou uma forma própria de punir seus atletas. Marco Antônio Boiadeiro teve seu salário cortado em 10% depois de ter sido expulso desnecessariamente contra o Sport.
Para o ex-juiz Renato Marsiglia, a volta da suspensão por cartão amarelo é oportuna. "Fará diminuir a violência e haverá menos indisciplina", afirmou.
Doze equipes que disputam o torneio concordam e votaram no último dia 20 pela volta do sistema antigo, quando o jogador é suspenso automaticamente por uma partida após levar três amarelos.
Outros dez times foram contra a mudança, mas a votação oficial foi de 172 a 116. O voto é qualitativo e depende do histórico de cada clube na competição.

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