São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Pelos gols, eu sou louco por ti, América
MATINAS SUZUKI JR.
Bom para Flamengo e Santos, que fazem o grande clássico do Grupo F, no domingo, véspera do Brasil mostrar a sua cara, no velho Maraca de guerra. Bom para o São Paulo, que vai levar mais tempo para estrear no Brasileirão. Mas, sobretudo, bom para o sabiá que gorjeia no Palmeiras, pois receberá, tranquilamente, a visita do Sport. Zelando para que ele continue sendo o único bonificado do grupo. Outro que precisa zelar cautelosamente pelo seu bom pontinho bonificado é o Corinthians, que joga contra o Fluminense do Jô Soares, no Rio, no sábado. Afinal, o Flu foi, até agora, o único time capaz de roubar um pontinho do Palmeiras. Jogando, justamente, em casa. Por falar em Corinthians, você acha que deve entrar jogando o Viola ou o Marques? O Brasil tem uma capacidade de resistir às crises que impressiona até os mais otimistas. O futebol brasileiro idem. No mundo todo, o que desperta o interesse pelo esporte, hoje em dia, é, pela ordem, a qualidade dos jogos e a fórmula de disputa dos torneios. Se não tivesse sido jogada, a primeira fase do Brasileiro não teria feito muita falta. Afinal, todos os times ainda conservam a sua chancezinha. Mas, mesmo com todo o teatro de absurdos, tanto a média de público quanto a de gols até o início da segunda fase eram próximas às obtidas em todo o Campeonato Brasileiro de 93. Este país dá pé. Em vários sentidos. Boa sacada a do Valmir Storti, aqui na Folha, ao mostrar que dos quatro times que conseguiram o ponto de bonificação, apenas o Botafogo repetiu a mesma escalação em dois jogos consecutivos. O que está havendo com os times? Excesso de expulsões (caso do Corinthians)? Excesso de contusões (então seria o caso de se checar o departamento de preparação física e o médico)? Excesso de torneios disputados (casos de São Paulo, Santos, Grêmio, Cruzeiro)? Dificuldades que os técnicos estão encontrando para acertar os seus times? Qualquer das respostas (e, na verdade, o fenômeno exige um conjunto de respostas) aponta para uma ineficiência que exige times com elencos inchados, enormes, encarecendo o custo de manutenção. Se você dividir o número de pontos obtidos pelo número de jogadores utilizados, o Palmeiras é o mais eficiente: atinge o índice de 0,95. O mais ineficiente: o Cruzeiro. Usou 24 jogadores para obter apenas 4 pontos. Ô Caniggia! Que maravilha de primeiro tempo, ontem. O argentino marcou dois gols (perdeu um pênalti) na vitória por 3 a 1 do Benfica sobre o Anderlech (Bélgica) pela Copa dos Campeões. Um dos sim do futebol de hoje está no tesão de jogar do Claudio Caniggia. Os argentinos Batistuta e Balbo, na Itália, o chileno Zamorano, na Espanha, e o brasileiro Ronaldo (mesmo fora do seu primeiro torneio europeu, a Copa da Uefa), na Holanda, são amigos do gol. Na hora de decidir, o futebol sul-americano fala mais alto. A pátria do gol é a nossa língua. É por isto que eu sou louco por ti, América! Texto Anterior: Italianos tentam o bicampeonato Próximo Texto: Por amor ou por dinheiro Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |