São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Enéas falta ao trabalho durante 9 anos

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do Prona à Presidência da República, Enéas Carneiro, médico cardiologista contratado pelo Hospital da Lagoa (zona sul do Rio), da rede do Inamps, para dar quatro plantões mensais de 20 horas, pagou durante nove anos outros médicos para trabalharem por ele.
Enéas comparecia apenas para assinar o ponto e não é conhecido no hospital nem pelos mais antigos funcionários da cardiologia. Após um período de licença não- remunerada terminado em novembro de 92, ele faltou ao trabalho 29 dias seguidos.
A Folha apurou que Enéas alegou na época ter confundido a data do término da licença e só não foi objeto de um processo interno por abandono de emprego porque uma funcionária do departamento de pessoal do hospital o alertou um dia antes de se completar um mês de ausência.
No Hospital do Câncer, ligado ao Inca (Instituto Nacional do Câncer), do Ministério da Saúde, Enéas foi posto em disponibilidade em 1990 por excesso de faltas nos dez anos anteriores.
Reintegrado em 92, obteve em abril daquele ano uma licença sem vencimentos. Hoje, tanto no Inca quanto no Hospital da Lagoa, ele goza de licença remunerada por causa de sua candidatura e recebe cerca de R$ 1.700,00 mensais.
Em sua passagem de três anos pelo Instituto Estadual de Cardiologia Aloísio de Castro, Enéas usou o hospital para dar um curso particular de eletrocardiografia.
Contratado para fornecer laudos, ele negociou com a direção do hospital na época a nova função. À noite, numa sala do hospital, dava seu curso –e cobrava.
"Nós combinamos que ele ensinaria também os médicos do hospital de graça em seu curso, além de dar os laudos", disse o ex-diretor Stans Murad Neto.
Contratado em março de 80 como professor-auxiliar no Instituto de Biologia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para dar 40 aulas de horas semanais, Enéas conseguiu redução da sua carga para 10 horas de aulas semanais. Foi dispensado em 82.

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