São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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FHC também quer conversar com Lula

EMANUEL NERI; FERNANDO DE BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se ganhar a eleição, Fernando Henrique Cardoso vai propor a Luiz Inácio Lula da Silva uma reaproximação entre PSDB e PT.
"Da minha parte, terei o maior gosto de conversar com o Lula", afirmou FHC ontem pela manhã. O candidato voltou a elogiar seu principal adversário eleitoral.
"Tenho uma relação pessoal de amizade com o Lula", disse. "Acho que ele prestou um serviço muito grande ao Brasil e continua. Quero manter essa relação".
Nos últimos dias, FHC tem feito uma série de elogios ao candidato petista. Trata-se de uma tentativa de preparar terreno para evitar uma oposição sistemática do PT e da CUT a um eventual governo seu.
FHC sabe que, se ganhar, o PT não aceitará integrar seu governo. Mas quer manter uma política de boas relações com os petistas. "Devemos conviver, o que não significa que devemos estar todos no governo", comentou.
"Não acho ser necesssário que todo mundo vá para o governo", disse. "Demcoracia tem que haver governo e oposição. Isso não quer dizer que não haja conversas para decidir questões fundamentais".
O candiato da coligação PSDB-PFL-PTB cumpriu roteiro afetivo na manhã de ontem. Foi inicialmente à USP (Universidade de São Paulo), onde ensinou até ser aposentado pelo regime militar, em dezembro de 1968.
Ainda pela manhã, esteve no Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), fundado por ele e outros intelectuais em 1969. Pesquisadores do PSDB e PT recepcionaram o candidato.
À tarde, FHC se reuniu com parte do comando de sua campanha. Estavam presentes o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, o candidato a vice, Marco Maciel, além de Sérgio Motta, um dos coordenadores da campanha.
O tucano disse ontem que pretende estabelecer uma nova relação com o Congresso. "É preciso respeitar mais as lideranças partidárias e parar com a história de cooptar pessoas. Sou contra isso".
O vice de FHC, Marco Maciel, é a pessoa indicada pelo tucano para costurar essa relação com o Congresso a partir das lideranças.
O tucano descartou ainda a idéia da criação de um "superpartido" após a eleição. "É melhor que as pessoas fiquem em seus partidos. Já tivemos siglas muito inchadas e vimos que isso não é bom", disse.

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