São Paulo, quarta-feira, 4 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ano novo, regras novas

THALES DE MENEZES

O ano de 94 passou e toda aquela discussão sobre alternativas para salvar o tênis do marasmo atual não levou a nada. Muita polêmica, páginas na imprensa, e nada.
Foi encurtado o tempo que os tenistas têm entre os pontos disputados na partida, mas a eficácia dessa medida é baixa. Parece até lei brasileira, já que os tenistas a ignoram, com a condescendência dos árbitros. E mesmo se a regra fosse seguida com rigor, o resultado já se mostrou insignificante.
Dessa maneira, 1995 vai começar com os mesmos discursos: o tênis atual é chato, a ditadura dos saques de 200 km/h estraga o esporte, faltam jogadores de carisma como os astros de antigamente...
Está na hora de parar de discutir. A Federação Internacional de Tênis e as entidades dos jogadores (ATP e WTA) precisam ter peito para uma mudança radical. Ao que parece, levando em conta tudo o que foi sugerido e debatido pelas pessoas ligadas ao tênis nos últimos meses, o que precisa acabar é a supremacia do saque-canhão. Afinal, ninguém cria astros carismáticos escrevendo regulamentos.
Já que o saque é o vilão, que algo seja feito. Por enquanto, os cartolas do tênis pecam por omissão. A regra para diminuir o intervalo entre pontos foi discutida à exaustão e deu no que deu. Por que não experimentar alguma coisa, colocar sugestões em prática?
O ideal seria escolher alguns torneios e testar neles as mudanças, procedimento seguido por várias federações esportivas.
Numa convicção pessoal, a eliminação do segundo saque parece ser a medida mais efetiva.
Sem a chance de uma segunda tentativa, o tenista teria que sacar preocupado em não errar para não perder o ponto. Daí o saque sair mais "colocado", sem tanta força. Iria favorecer o rebatedor e incrementar as trocas de bola entre os adversários. Os torpedos de 200 km/h seriam guardados para momentos importantes do jogo, o que até daria mais emoção. O público tentaria adivinhar em qual lance o tenista iria arriscar um ace.
E é bobagem pensar que isso pode alterar profundamente o ranking mundial. Sampras e Becker, exemplos de saques devastadores, continuariam no topo da classificação, pois são tenistas de muitos recursos. O que aconteria na hipótese de adoção dessa regra (ou qualquer outra do gênero) é a queda no ranking de gente como Ivanisevic e Krajicek, tenistas que só tem a projeção atual porque sacam com uma bazuca nas mãos.
Chega de sugestões. Ação, já!

Texto Anterior: Bons ventos sopram por nossas bandas
Próximo Texto: Matsubara muda de cidade para crescer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.