São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Pela 2ª vez, governo não tem quórum para aprovar Arida

DENISE MADUEÑO; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo não conseguiu aprovar ontem no Senado, pela segunda vez, as indicações de Pérsio Arida, 42, para a presidência do Banco Central, e de Francisco Lopes para uma das diretorias do banco.
Como na votação de anteontem, venceu o grupo de 13 senadores que pressiona o governo e só aceita votar os nomes se o Planalto garantir que vai sancionar a anistia para o senador Humberto Lucena (PMDB-PB) e outros parlamentares condenados por crime eleitoral.
Ontem, novamente não houve quórum para aprovar Arida, apesar de haver número suficiente de senadores na Casa. A previsão, tanto dos senadores rebeldes como dos governistas, é que Arida –que foi presidente do BNDES no governo Itamar Franco– só será aprovado a partir do dia 17.
A listagem de presença registrava 53 presenças ontem pela manhã. A mensagem com os nomes dos dois economistas acabou votada por 39 senadores, porque 14 se ausentaram –faltaram dois votos para que fosse atingido o número mínimo de 41 senadores.
Na votação, 37 parlamentares foram a favor das indicações de Arida e Francisco Lopes e dois contra –o resultado não tem validade pela falta de quórum.
Os senadores aliados do governo foram surpreendidos. Eles esperavam que o "grupo do cafezinho", assim batizado por tomar café no meio das sessões, concordasse em votar e contribuir para que o quórum mínimo fosse atingido.
No dia anterior, os parlamentares rebeldes receberam um pedido do senador José Sarney (PMDB-AP) para que não voltassem a obstruir a votação. Vários deles concordaram.
Além de Sarney, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), José Fogaça (PMDB-RS) e Élcio Alvares (PFL-ES) participaram do movimento para tentar convencer os senadores a votar.
Às 11h10, o grupo favorável à votação acreditou que tinha o número suficiente no plenário. "O Mauro Benevides (PMDB-CE) acaba de me dizer que já tem 44 senadores, vou interromper o meu discurso para votarmos", disse Simon.
"O Alexandre Costa (PFL-MA) me garantiu hoje (ontem) que ia votar", dizia Fogaça depois da derrota. "Não assumi compromisso com ninguém. Não tenho chefe nem dono", rebateu Costa.
"Esse Arida (Pérsio Arida) é uma boa figura e será aprovado. Não precisa de pressa. Falaram que se a gente não votasse ontem (quarta-feira) o Brasil ia acabar. Hoje quando acordei abri a cortina e tudo estava no lugar. O Brasil não acabou", afirmou Costa.
O senador Pedro Teixeira (PP-DF) disse que o partido estava obstruindo a votação porque não foi convidado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para participar da reunião do dia 26.
O senador Guilherme Palmeira (PFL-AL), ex-candidato a vice do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi um dos 14 que registraram presença, mas não votaram, segundo os registros da secretaria da Mesa.
Segundo Alfredo Campos (PMDB-MG), um dos organizadores do motim de senadores, o grupo dos dispostos a obstruir as votações inclui ainda Levy Dias (PPR-MS), Ronan Tito (PMDB-MG), Gilberto Miranda (PMDB-AM) e João Rocha (PFL-TO) –todos viajando.

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