São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995 |
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Covas apura superfaturamento em usinas
EMANUEL NERI
Até agora, as suspeitas mais fortes de irregularidades recaem sobre a construção das usinas de Canoas 1 e 2, obras do governo de Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), no rio Paranapanema, oeste de São Paulo. A Folha apurou que auxiliares do governador Mário Covas (PSDB) têm dados que apontam um sobrepreço de pelo menos US$ 650 milhões na construção dessas usinas. O custo previsto para concluí-las é de US$ 1,1 bilhão. A primeira suspeita recai sobre o preço do megawatt-hora. Trata-se do cálculo de custo de uma usina com base em sua capacidade de produção de energia. Quando concluídas, Canoas 1 e 2 terão capacidade de gerar 150 megawatts. Como custarão US$ 1,1 bilhão para começar a produzir, o megawatt-hora ficará em torno de US$ 150,00. Para efeito de comparação, os covistas lembram que o preço do megawatt-hora da usina do Xingó, no Nordeste, inaugurada há três semanas, é de apenas US$ 30,00. Segundo cálculos dos assessores do governador, usinas do porte de Canoas dariam para ser feitas por no máximo US$ 450 milhões. Até agora, os cofres paulistas já gastaram US$ 330 milhões com a obra. Desse total, US$ 280 milhões foram para a obra propriamente dita. Outros US$ 50 milhões têm como origem juros pagos de empréstimos para a construção. Canoas 1 e 2 são apontadas ainda pelos covistas como exemplo de desperdício do dinheiro público. A começar pelo planejamento. Para técnicos do novo governo, a capacidade geradora das usinas –150 megawatts – seria facilmente atendida por uma usina térmica, movida a combustível e com custo inferior a uma hidrelétrica. Além disso, os covistas alegam que o dinheiro usado em Canoas 1 e 2 poderia ser melhor empregado se tivesse servido para concluir outras usinas em construção, como Taquaruçu, Rosana e Três Irmãos. O primeiro relatório sobre essas usinas deverá ser divulgado na próxima semana. Constatadas as irregularidades, Covas promete punir os responsáveis. Porto Primavera Outra usina na mira de suspeição dos covistas é de Porto Primavera, no Pontal de Paranapanema, também na região oeste de São Paulo. Com capacidade de 1.800 megawatts, foi iniciada em 1978, no governo de Paulo Maluf. Porto Primavera é um buraco negro de US$ 11,2 bilhões. Desse total, US$ 5,7 bilhões correspondem a juros de empréstimos feitos ao longo dos últimos 16 anos. Somente para funcionar com sua primeira turbina, em 1998, essa usina vai consumir mais US$ 1,5 bilhão. Os covistas acreditam que os maiores males da Porto Primavera são erros de planejamento. O primeiro deles é a longa demora para a sua conclusão. Se a usina fosse iniciada hoje e concluída no prazo previsto, seu preço ficaria em torno de US$ 5 bilhões. Para auxiliares do novo governo, o sobrepreço da Porto Primavera gira em torno de US$ 5 bilhões, ou seja, quase a metade de seu preço. Responsabilizam erros no planejamento da obra pela maior parte do rombo. Mas os covistas também acreditam que haja superfaturamento de contratos e de compra de material. Texto Anterior: Pacote só terá efeito este ano, diz tributarista Próximo Texto: Genro de FHC que fazer estatais competitivas Índice |
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