São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995 |
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Crise na Rússia O prolongamento da crise na Tchetchênia traz uma série de incertezas sobre o futuro da Rússia, ainda uma das maiores potências do planeta. Além da impensada ação militar ordenada pelo presidente Boris Ieltsin, que vem provocando pesadas baixas entre a população civil, a intervenção na república separatista recoloca a preocupante questão de quem de fato comanda um dos maiores e mais aparelhados exércitos do mundo. Os informes de que haveria uma disputa entre os generais pelo controle da operação lançam dúvidas quanto à coesão e disciplina da tropa e dos oficiais. Ainda mais inquietantes são as informações de que estariam ocorrendo bombardeios apesar da ordem de Ieltsin para que fossem interrompidos. Há que se considerar ainda que a questão tchetchena não é um caso isolado. A exemplo do que ocorreu quando da dissolução da Iugoslávia, vão-se multiplicando antigas rixas há muito sufocadas, num movimento que, se se alastrar, poderá levar ao esfacelamento da Federação Russa. Note-se que, além da Tchetchênia, existem contenciosos na Ossétia e também com outras repúblicas que fizeram parte da extinta URSS como a Ucrânia, a Moldova e países bálticos. No caso particular da Tchetchênia, trata-se de um conflito que remonta ao século 19, quando, após mais de 40 anos de lutas, o Império Russo logrou submeter as tribos nômades muçulmanas que viviam na região do Cáucaso. E os eventos no que foi a Iugoslávia são mais do que eloquentes para mostrar o potencial destruidor de antigas rixas étnico-religiosas jamais resolvidas a contento. Resta esperar que o Ocidente, agora que começa a protestar contra a ação de Ieltsin na Tchetchênia, não venha a repetir os erros que cometeu na administração da crise balcânica. Não custa lembrar, a Rússia ainda tem um dos exércitos mais poderosos do mundo. Texto Anterior: Participação nos lucros Próximo Texto: Que tal governar? Índice |
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