São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Covas promete cortes para equilibrar contas

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Para equilibrar novamente as finanças de São Paulo, a ordem do governador Mário Covas é cortar despesas. Somente no orçamento para 1995, esses cortes devem chegar a R$ 3,2 bilhões.
Além do orçamento, com despesas reduzidas a R$ 22 bilhões, Covas tem outras medidas para enfrentar a crise. Uma delas é a venda maciça de ativos imobiliários. Prédios e terrenos do Estado serão colocados à venda. Imóveis alugados serão devolvidos.
O secretário de Planejamento, André Franco Montoro Filho, prevê que a venda de ativos imobiliários este ano pode atingir inicialmente R$ 1,5 bilhão. Mas esses números poderão subir muito mais.
São Paulo conta com um significativo patrimônio imobiliário. Segundo Montoro Filho, apenas uma imensa área que a Eletropaulo tem na marginal do rio Pinheiros, em São Paulo, vale de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.
A venda das estatais vai ficar para mais adiante. Montoro Filho acredita que primeiro é necessário "dar uma arrumada" nessas empresas, para depois vendê-las.
Enquanto isso não ocorre, a solução será a venda de parte do controle acionário dessas estatais. As empresas do setor energético poderão iniciar logo a venda de suas ações.
O secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, afirma ser inviável privatizar estatais agora. Para ele, as empresas mais "vendáveis", as do setor energético, estão em péssima situação econômica.
Nakano acredita que seja necessário um prazo de pelo menos seis meses para "arrumar" empresas do porte de uma Eletropaulo, Cesp e CPFL. Para ele, é preciso ter "coragem" para deixar essas estatais em ponto de venda.
Um plano de saneamento dessas estatais, segundo ele, passaria por um corte significativo de pessoal, redução de custos e reforma geral para ganhar eficiência.
Para conter gastos, o corte de pessoal já está sendo utilizado em larga escala em outras áreas do governo. Uma das primeiras medidas de Covas foi determinar o afastamento de 11 mil funcionários do Baneser, um cabide de empregos ligado ao Banespa.
Outros cortes serão anunciados nos próximos dias. Todas as secretarias e estatais estão preparando lista de demissões. O Cepam (Centro de Estudos e Pesquisas em Administração Municipal) será um dos próximos alvos.
Considerado o segundo maior cabide de empregos de São Paulo, abaixo apenas do Baneser, o Cepan emprega ex-prefeitos e cabos eleitorais do PMDB. Deverá perder cerca de 80% de seus cerca de mil funcionários.
Para dar exemplos de que serão profundos os cortes nas despesas, Montoro Filho determinou que o enxugamento na Secretaria de Planejamento atingirá 750 de seus 1.500 funcionários.
Covas tem ainda um amplo plano para reduzir o número de órgãos de seu governo. Dos 39 escritórios regionais da Secretaria de Planejamento no interior paulista, apenas 14 vão continuar.
O corte no setor de obras é outra forma de driblar a crise. O governador já mandou paralisar obras e decidiu que, a curto prazo, haverá poucos investimentos nessa área.
Nos cortes determinados no orçamento de 95, o maior alvo foi o setor de obras. A redução em investimentos chegou a 50% do valor inicial. Mesmo assim, isso ocorrerá a partir do terceiro trimestre, se as finanças do Estado se recuperarem.

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