São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Oposição "em férias" dá folga a FHC

REINALDO AZEVEDO; AMÉRICO MARTINS
EDITOR-ADJUNTO DE POLÍTICA

AMÉRICO MARTINS
Se depender da oposição para apontar erros em seus primeiros dias de governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso está frito. A oposição está em férias.
Os principais adversários de FHC submergiram após as eleições, inclusive o petista Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu de mais de 20% dos eleitores a delegação para ser o principal líder de oposição ao governo tucano.
Por enquanto, os problemas enfrentados pelo novo presidente - como a não aprovação pelo Senado do nome de Pérsio Arida para o Banco Central- foram criados por integrantes de partidos aliados.
A oposição, ao contrário, derramou-se em elogios. Petistas presentes à posse de FHC não resistiram ao seu discurso em defesa da justiça social e contra os privilégios das minorias. Viram nele a peça retórica de um estadista.
Ninguém reclamou quando o presidente defendeu junto a um grupo de intelectuais estrangeiros a "ditadura benigna" das medidas provisórias. Lula não reagiu. Descansava no sítio de seu amigo Roberto Teixeira, em Monte Alegre do Sul (SP).
Longe do Planalto, mais chegado às planícies, ao pampa, o ex-governador do Rio, Leonel Brizola (PDT), descansa em sua fazenda uruguaia.
Orestes Quércia (PMDB), ex-governador de São Paulo, também ignorou FHC. Está fechando o escritório político, na al. Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo.
A paralisia política atinge até mesmo a burocracia dos partidos. No PT, além de Lula, passaram a semana fora o presidente, deputado estadual Rui Falcão (SP), e o secretário-geral do partido, Gilberto Carvalho.
A Exeutiva Nacional do partido também parou. Todos estão "em recesso" até o dia 15 segundo as explicações dos funcionários petistas. A ex-deputada Clara Ant está trabalhando. É plantonista da Executiva.
Alguma vida política se pôde sentir no Congresso. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo, foi à tribuna para cobrar do governo maior empenho na realização da reforma agrária. Não é uma bomba contra FHC. José Genoíno (PT), por sua vez, ficou articulando sua candidatura à Presidência da Casa. Mas estará em férias na semana que vem.

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