São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Dívida brasileira resiste à crise mexicana

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os títulos da dívida externa brasileira negociados no mercado secundário resistiram à crise mexicana. Depois que o México desvalorizou sua moeda em dezembro, os papéis do Brasil permaneceram em um patamar acima do valor médio do ano passado.
Apenas a dívida velha do Brasil perdeu valor no ano passado. Ainda assim, a desvalorização foi de apenas 1,33% durante 94.
Todas essas informações podem ser obtidas de forma didática no mais completo guia sobre o mercado secundário, lançado pela Merrill Lynch, uma das maiores operadoras de papéis de dívidas externa do planeta.
O guia ("The 1995 Guide to Brady Bonds") faz um relato minucioso sobre todos os 13 países que renegociaram suas dívidas no âmbito do Plano Brady. Ao todo, os papéis das dívidas desses países somam um valor nominal de US$ 137,8 bilhões.
Esse mercado surgiu no início dos anos 80 (leia texto nesta página). O volume de operações realizadas cresceu de US$ 1,4 bilhão em 84 para US$ 2 trilhões em 93, segundo estimativas do guia publicado pela Merrill Lynch.
Brasil
O Brasil fez sua emissão mais recente de títulos nesse mercado no ano passado, fruto da renegociação de sua dívida externa com os credores privados.
Foram emitidos sete tipos de papéis com um valor nominal de US$ 40,2 bilhões em 15 de abril passado. Desses, o campeão de rentabilidade foi o DCB (Debt Conversion Bond ou Bônus de Conversão de Dívida).
Em junho do ano passado, os DCBs eram vendidos por 49% de seu valor de face. No dia 30 de dezembro passado, a cotação era de 59,25% do valor. Uma alta de 20,92% em apenas sete meses.
O segundo papel brasileiro mais valorizado foi o bônus EI (Eligible Interest), o papel que regularizou os juros atrasados pelo país de 91 até o ano passado. O EI teve uma valorização de 19,14% em 94.
O outro instrumento popular entre os títulos brasileiros, o IDU (Interest Due and Unpaid), teve um desempenho ruim. Emitido em 92 para regularizar os juros atrasados no final do governo Sarney e início do período Collor, o IDU perdeu valor de mercado no ano passado: terminou 94 sendo vendido por 1,33% a menos do que no final de 93.
No início deste ano, os papéis brasileiros estavam com preços baixos. Na sexta-feira, todos os títulos estavam sendo vendidos por valores menores do que em 30 de dezembro de 94 –último dia que funcionou esse mercado no ano passado.

O relatório "The 1995 Guide to Brady Bonds", da Merrill Lynch, pode ser obtido apenas com a empresa, em Nova York (EUA). O telefone, partir do Brasil, é (00) (1) (212) 449-0771.

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