São Paulo, domingo, 8 de janeiro de 1995
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Investidor é beneficiado com intervenção federal

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A intervenção federal no Banespa e no Banerj provocou indiretamente um efeito benéfico para os investidores.
Antes, os bancos privados se recusavam a financiar os megarrombos do Banespa, temendo não receber o dinheiro. E o banco estadual era forçado a recorrer ao redesconto do Banco Central. Após a intervenção, o mercado voltou a fornecer, diretamente ou via Gerof do BB, recursos ao Banespa.
Como as necessidades diárias do Banespa são gigantescas, o dinheiro ficou caro e escasso no interbancário. O CDI se desprendeu do juro primário do over-Selic.
O CDI operou na semana passada entre 0,20 e 0,40 ponto acima da taxa-over. Enquanto esta gravitou em torno de 4,60%, os bancos trocavam dinheiro entre si entre 4,80% e 4,85%. E a expectativa é de que o deslocamento ainda persistirá. Até porque mais oito bancos estaduais estão na mira do BC.
Para as instituições privadas passou a ser um bom negócio captar recurso junto à clientela, pagando taxa-over de 4,65% no CDB, e repassar em CDI, a 4,85%. Mesmo que o BC reduza o over –hipótese remota, com a crise cambial mexicana– o descasamento continuará.
Para atenuar a iliquidez do sistema, o diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, anunciou que os compulsórios sobre os depósitos bancários (90% sobre os à vista e 30% sobre os a prazo) serão reduzidos, muito provavelmente já na semana que vem.
A queda dos compulsórios não visaria somente as peculiaridades do primeiro trimestre. A mexida nas alíquotas terá a pretensão de consolidar uma política duradoura para os compulsórios.
Para o investidor, favorecido pelo aperto, o efeito da redução do compulsório dependerá do novo percentual sobre os depósitos à vista. Se o banco dispuser de maior quantidade de dinheiro captado a custo marginal, reduzirá a captação via CDB, diminuindo a atratividade do papel. Por isso, feche o pré antes da medida.
IOF
O governo está preparando a volta do IOF para aplicações de curto prazo. Por isso, quem estiver ancorado em fundos de curto prazo pode se preparar para mudar.
Os recursos devem ser distribuídos conforme a necessidade de uso. O dinheiro do dia-a-dia deve continuar no curto prazo. Mesmo com o imposto, é melhor que ficar parado na conta corrente.
Os recursos de médio prazo podem ir para os fundos de renda fixa. O commodities deverá ser extinto, mas, até lá, vale a pena.

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