São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Tchetchenos resistem a ataque ao palácio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Soldados russos apoiados por tanques tentavam ontem tomar o palácio presidencial de Grozni, capital da república rebelde da Tchetchênia.
Símbolo da secessão tchetchena, o palácio presidencial é o principal objetivo das tropas russas.
Comandantes militares tchetchenos afirmam controlar o palácio presidencial e grande parte do centro da cidade.
A agência de notícias privada russa "Interfax" informou que as tropas de Moscou já controlam dois terços de Grozni.
O governo russo diz que suas tropas estão a poucas quadras do palácio, que estaria "completamente cercado".
O número de mortos já chega a 250 entre os russos e mais de 2.500 entre os tchetchenos.
O primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin disse ter determinado um cessar-fogo de dois dias para que corpos de soldados russos sejam retirados das ruas de Grozni.
Segundo a agência de notícias "Reuter", o primeiro-ministro não tem autoridade para dar ordens aos militares.
O paradeiro do presidente da Tchetchênia, Djokhar Dudaiev, era desconhecido na noite de ontem. Alguns combatentes tchetchenos dizem que ele permanece no palácio, enquanto outros afirmam que está em um local secreto.
Na noite de ontem, Dudaiev se apresentou na televisão vestindo uniforme de campanha. Ele leu algumas cartas e fez uma declaração, a qual não foi ouvida devido a problemas técnicos.
No programa foi mostrado um cartaz que dizia: "Erga-se, Tchetchênia. Erga-se pela guerra santa". Não se sabe se a transmissão foi uma gravação ou ao vivo.
Reforços continuam somando-se às tropas federais. Um batalhão com cerca de 30 tanques T-72 e dezenas de veículos blindados avançavam rumo a Grozni.
Aviões de transporte aterrissavam a cada meia hora em duas bases aéreas russas.
Moradores das aldeias de Alkhazurovo e Komsomolskoie pediram às tropas federais que não bombardeassem as localidades, porque os prisioneiros russos já teriam sido transferidos para Grozni.
Anteontem, 20 pára-quedistas russos foram presos pelas tropas tchetchenas nas aldeias. O governo russo deu prazo até hoje às 12h para que eles fossem libertados.
A organização humanitária Médicos sem Fronteiras denunciou o bombardeio russo contra um hospital em Chali, cidade 20 km ao sul de Grozni.
Uma missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) deve voltar a Moscou na semana que vem para discutir um empréstimo de US$ 6,25 bilhões.
Mas funcionários da organização disseram que o conflito na Tchetchênia põe em perigo a concessão do empréstimo.
O presidente Dudaiev proclamou a independência da Tchetchênia em 1991. Em 11 de dezembro último, o governo russo mandou milhares de soldados para a república de 1,2 milhão de habitantes –na maioria muçulmanos.

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