São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petista manda derrubar barracos no DF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), 50, mandou demolir ontem 150 barracos de invasores na cidade-satélite de Sobradinho, a 30 km de Brasília. Os barracos estavam vazios.
A operação deve continuar nos próximos dias. Buarque mandou demolir todos os barracos construídos após o início de sua administração, em 1º de janeiro.
O DF ganhou dez novas invasões de terras públicas na primeira semana de administração petista. O governador suspeita de uma "orquestração" contra o governo.
"Não seria decente nem sério dizer que são meus adversários políticos os responsáveis, mas, se temos o mínimo de inteligência, temos o direito de suspeitar", disse Buarque.
A vice-governadora, Arlete Sampaio, que sobrevoou o DF em um helicóptero anteontem para rastrear as áreas ocupadas, disse que a maior parte dos barracos é de madeirite (compensado) da mesma cor, delimitados por um cordão de isolamento.
"Invasões espontâneas não têm estas características", disse Sampaio. A vice-governadora lança suspeitas à administração anterior, do ex-governador Joaquim Roriz (PP).
Segundo ela, a Companhia de Eletricidade de Brasília (CEB) teria instalado luz em algumas das invasões nas noites de Natal e réveillon, ainda sob a administração de Roriz.
"Não sabemos quem foi que autorizou e nem queremos afirmar nada, mas isto criou uma desconfiança", disse Arlete Sampaio.
A questão da terra é apontada pelo novo governo como um dos principais problemas a enfrentar em Brasília nos próximos anos. O governador pretende fazer em 90 dias um diagnóstico da situação e regularizar as áreas possíveis.
Estima-se que atualmente existam mais de 500 situações irregulares de ocupação em Brasília, incluindo condomínios e áreas rurais e áreas urbanas residenciais e comerciais.
Cristovam Buarque disse que não quer incentivar a prática das invasões de terra. Roriz teve uma administração marcada pela doação de lotes aos sem-teto.
Em cinco anos de governo, pelo menos cinco novas cidades-satélites surgiram com a distribuição de lotes, todas fora do planejamento original da cidade, que só previa a ocupação das satélites depois que o Plano Piloto fosse inteiramente ocupado.

Texto Anterior: BC tem "manual" de remessa
Próximo Texto: Tucanos querem cargos para apoiar Covas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.