São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Tucanos querem cargos para apoiar Covas

EMANUEL NERI; AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Três deputados federais do PSDB de São Paulo, entre eles Celso Russomanno, o mais votado nas eleições passadas, ameaçam romper com o governo do tucano Mário Covas, caso não sejam consultados para a indicação de nomes da equipe estadual.
Além de Russomanno, eleito com 233 mil votos, integram o grupo os deputados José de Abreu (43 mil votos) e Regis Fernandes de Oliveira (40 mil votos).
Na última segunda-feira, os três se reuniram com Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo Covas, e ameaçaram também trocar de partido. Querem maior participação no governo paulista.
"Ou você é governo, participa com indicação de pessoas, e tem informações, ou não se sente governo", disse Regis de Oliveira. Nesse caso, segundo ele, "fica-se do outro lado".
José de Abreu, dono da Rádio Atual, especializada em programas para o público nordestina, há "falta de respeito" do PSDB e do governo Covas com os deputados eleitos.
"Você está num partido aonde não há nenhum tipo de consulta aos seus parlamentares", afirmou Abreu. "Não há nenhum tipo de preocupação com os deputados."
Abreu cita como exemplo o caso de Celso Russomanno, que tem um programa de TV voltado para o consumidor. Segundo ele, o governo queria escolher a direção da Delegacia do Consumidor sem fazer uma consulta ao deputado.
O próprio Russomano confirma que só conseguiu indicar o nome de Walter Fernandes para o cargo depois de lembrar ao governador Covas sua condição de deputado mais votado em São Paulo.
O clima de tensão entre os deputados do PSDB aumentou anteontem, durante reunião da bancada. Houve várias críticas à falta de consulta aos parlamentares.
Em seguida, um grupo de sete deputados federais se reuniu com o secretário Robson Marinho. Além dos três rebeldes, estavam presentes José Aníbal, Sílvio Torres, Antônio Carlos Pannunzio e Salvador Zimbaldi Filho.
Na reunião, as maiores críticas ao estilo Covas de governar foram de Russomano e Abreu, segundo Régis Fernandes de Oliveira.
Ontem, Russomanno tentou amenizar os efeitos da crise. Ele disse que não pensa em abandonar o PSDB, mas que poderá deixar de apoiar o governo de Covas, que é seu padrinho político.
"Se tenho que pagar o ônus de ser governo, pelo menos que seja de um governo que funciona", afirmou.
O deputado poupou o governador de críticas. Ele disse que vai consultá-lo antes de tomar qualquer atitude, como deixar de apoiar sua administração.

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