São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Diretor da Cetesb é acusado de desmatar

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo presidente da Cetesb, Antonio Carlos Macedo, 42, confirmado ontem pelo governador Mário Covas, responde a uma ação popular por ter autorizado desmatamento irregular de 200 mil m2 de araucária em Campos do Jordão (175 km a nordeste de São Paulo).
A Cetesp (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) é responsável pelo controle da poluição no Estado.
Engenheiro agrônomo com pós-graduação em administração, Macedo disse desconhecer essa ação popular e que nunca foi citado pela Justiça.
"Acho tudo isso muito estranho. Durante tantos anos não fiquei sabendo de nada e agora, quando sou indicado para a Cetesb, essa ação aparece", afirmou.
Em 86, na gestão Franco Montoro, o engenheiro dirigia o DPRN (Departamento de Proteção de Recursos Naturais) da Secretaria de Agricultura do Estado.
À época, ele autorizou o desmatamento e a construção de um conjunto habitacional com 200 apartamentos sem o parecer do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) sobre o impacto ambiental das obras.
A ação contra Macedo, de autoria do empresário Claudio Antonio Noschese, corre desde o final de dezembro de 1986 na 7ª Vara da Fazenda Pública, processo 05/87.
O então –e atual– prefeito de Campos do Jordão, João Paulo Ismael (PMDB), também é acusado de permitir o desmatamento.
Citado pela Justiça, Ismael contestou a ação. O presidente da Cetesb não fez isso e o processo está em tramitação à sua revelia.
O representante da Subcomissão de Meio Ambiente da OAB, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, também advogado na ação popular, afirma que foram cometidos quatro crimes contra o meio ambiente.
Segundo ele, as irregularidades são: o corte da araucária (árvore em extinção na região), a permissão para construção em terreno com declive superior a 45 graus (proibido pelo Código Florestal), a ausência do parecer do Consema e o desrespeito ao embargo das obras, que acabaram sendo feitas pela construtora Leon & Leon.
Macedo foi assessor para assuntos especiais do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando este dirigiu o Ministério da Fazenda.
Sua indicação para a presidência da Cetesb, segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, foi uma decisão em conjunto com a equipe de FHC.
Feldmann também disse que desconhece a ação popular na qual seu subordinado é réu.
"Não tenho conhecimento. Há muita fofoca porque a mulher dele trabalhou com o prefeito Paulo Maluf. Havia rumores, mas nunca ninguém me mostrou nenhum documento mostrando o envolvimento dele. Eu gostaria de analisar a ação", disse o secretário.

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