São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Exército se prepara para fim do convênio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

As informações sobre a criminalidade obtidas pelas Forças Armadas nos 70 dias de vigência da Operação Rio estão sendo passadas em ritmo acelerado para a recém-criada Secretaria de Segurança Pública do Estado.
O motivo da transferência do "arquivo" é a indefinição quanto a uma nova prorrogação da Operação Rio, que uniu os governos federal e estadual na repressão ao crime organizado no Estado.
O porta-voz da Operação Rio, coronel Ivan Cardozo, disse ontem que "em breve" o comando de combate aos criminosos será da Secretaria de Segurança. Segundo ele, a prorrogação do convênio não está decidida.
"Estamos passando as informações que temos para a Secretaria de Segurança, que montará um serviço de inteligência. Não sabemos se o convênio será prorrogado", afirmou o porta-voz.
A fim de agilizar o que Cardozo chama de "fase de transição", os militares se reúnem diariamente com a equipe do general da reserva Euclimar da Silva, secretário de Segurança.
A meta das reuniões é passar para os novos responsáveis pela segurança pública do Estado todas as informações coletadas durante a Operação Rio.
O arquivo levantado no período informa sobre bandos de traficantes, contrabandistas e assaltantes e rotas de entrada no país de cocaína e armamentos fabricados no exterior.
O término oficial da Operação Rio está marcado para o dia 31 deste mês.
A tendência até o dia 31 é as Forças Armadas se afastarem aos poucos das ruas. A última ocupação militar em favela ocorreu no sábado, quando fuzileiros navais invadiram Parada de Lucas.
O porta-voz da Operação Rio disse que não estão sendo investigadas as queixas de torturas supostamente praticadas em Parada de Lucas. Moradores disseram que houve espancamentos e torturas durante a ocupação da favela pela Marinha.
"Oficialmente não fomos informados sobre torturas e agressões", disse Cardozo.
A Folha tentou ouvir o secretário de Segurança em seu gabinete provisório na sede carioca do Ministério do Exército (centro). O general Da Silva se recusou a falar com o repórter.
"Ele não está atendendo ninguém", disse seu ajudante de ordens, o cabo Souza Leite.

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