São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Nova refinaria no Nordeste divide base de sustentação política de FHC

LUCAS FIGUEIREDO
SILVANA QUAGLIO

LUCAS FIGUEIREDO; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso terá de tomar uma decisão até o próximo mês que poderá abalar a composição política costurada na montagem do ministério.
Ele vai ter de escolher o Estado nordestino que vai sediar a nova refinaria da Petrobrás na região, a Renor, com investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão –talvez a maior obra do governo.
Quatro Estados estão na disputa: Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Maranhão.
Segundo a Folha apurou, Pernambuco e Ceará têm mais chances do ponto de vista técnico.
A disputa pelo projeto entre os aliados de FHC é tão acirrada que o governo já pensou em dividir o projeto e fazer duas refinarias.
O diretor de Planejamento da Petrobrás, José Fantini, disse ontem que a empresa não cogita esta hipótese. Isso teria um custo adicional de US$ 450 milhões, disse.
Até o início de fevereiro, a Petrobrás entrega a FHC estudo detalhado sobre a refinaria, sem, entretanto, determinar a localização.
O relatório indicará, apenas, os Estados com possibilidade. Por isso mesmo, pesos-pesados da política regional acionaram sua artilharia e pressionam FHC.
O governador do Ceará, Tasso Jereissati, –tucano de primeira hora e importante aliado de FHC– preferiu não indicar nomes para o ministério. Teria negociado em troca a obra.O ex-ministro do Planejamento, Beni Veras, também reivindica a refinaria para o Ceará.
O vice de FHC, o pefelista Marco Maciel, é pernambucano, assim como o ministro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gustavo Krause. Mas a maior pressão tem sido feita pelo vice-presidente do PFL, José Jorge (PE).
O governo de Pernambuco encomendou um estudo de viabilidade a empresa de consultoria independente para dar substância à reivindicação.
O ex-presidente José Sarney e sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana, estão na linha de frente do grupo que pressiona para levar a obra para aquele Estado.
Apesar de também produtor, o RN tem menos chances políticas de levar a refinaria. Atuam em favor do Estado, o governador Garibaldi Alves Filho –um aliado de FHC no fragmentado PMDB– e o ex-ministro da Integração Regional Aluízio Alves.
Um quinto Estado corre por fora, a Bahia do senador eleito Antônio Carlos Magalhães –o cacique do PFL, partido da coligação que elegeu FHC.
Tecnicamente, a Bahia não teria chances, já que a refinaria do Estado já está sendo duplicada.
Fatalmente ao escolher um dos Estados, FHC magoará os demais. A construção da nova refinaria vai gerar 7.000 empregos diretos e 23 mil indiretos.

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