São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Inflação esperada em 95 é de 1,5% ao mês

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe econômica tem como meta uma inflação de 20% em 1995, o que equivale a 1,5% ao mês. A meta não foi explicitada, mas há indicações de que o governo trabalha com esse número.
A mais importante foi dada pelo BNDES, quando fixou a Taxa de Juros de Longo Prazo em 26% ao ano. A inflação precisa ser menor que isso para que as operações do banco tenham retorno positivo.
No final do ano passado, em conversas informais, membros da equipe econômica relacionavam como um êxito a inflação entre 30% e 40% anuais (equivalente a 2,5% ao mês).
E acrescentavam que uma medida de sucesso do primeiro ano de FHC seria uma nova redução, para a casa dos 20% anuais.
A equipe não espera taxa de inflação estável. Ao contrário, acredita que os números vão oscilar, tendendo para 1% ao mês somente no final do ano.
Realizados 20%, haverá duas consequências importantes: ganho real de salário para os trabalhadores que tiverem reajuste pelo IPC-r; e uma valorização do real.
Os trabalhadores com data-base em janeiro terão direito a um reajuste na faixa dos 25%. Assim, em janeiro de 1996, data do novo reajuste, uma inflação de 20% ainda terá deixado um ganho salarial, pequeno, mas real.
A situação melhora para os trabalhadores ao longo do semestre, na medida em que o IPC-r for crescendo. Os assalariados com data-base em junho poderão ter reajuste de 35%, num momento em que a inflação anualizada estará abaixo dos 20%, se mantida a previsão da equipe econômica.
Na política cambial, o cenário de valorização do real é claro. Se a cotação do dólar subir dos atuais R$ 0,85 para R$ 1,00, no final do ano, isso representará valorização de 17,6% da moeda dos EUA.
Se a inflação ficar em 20%, a desvalorização do real terá sido um pouco maior que a valorização do dólar, que estará assim mais barato do que é hoje. E é improvável que o dólar chegue a R$ 1,00 no final deste ano.
Ganho real de salário tende a manter a economia aquecida, com possível pressão de aumento de preços se a oferta de mercadorias não crescer o suficiente.
Assim, o dólar barato aumenta a oferta interna de mercadorias, compensando o aumento de demanda causado pelos ganhos salariais. Mas tende a provocar déficit no comércio externo, um sinal perigoso desde a crise do México.
Como a valorização mais rápida do dólar seria inflacionária, só haverá uma saída para impedir o avanço do deficit comercial: as reformas que barateiem o custo de produzir e exportar no Brasil.
Essas reformas vão desde a tributária até melhoria na infra-estrutura econômica, especialmente nos portos e nas telecomunicações. Como o governo não tem dinheiro para investir aí, terá de privatizar.

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