São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995 |
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Supertimes chegaram à era crepuscular
MATINAS SUZUKI JR.
–O São Paulo (do Telê Santana); o Milan, na Itália, (construído por Arrigo Sacchi e imperfeitamente mantido por Fabio Capello); e o Barcelona (de Johan Cruyff), na Espanha. Curiosamente, São Paulo, Milão e Barcelona são cidades com um certo perfil parecido: dinâmicas, inovadoras, preocupadas com a elegância formal, com o design, com o cosmopolitismo. O time do São Paulo tenta se reciclar (Bentinho é um bom jogador, mas é pouco para as necessidades de competitividade internacional da equipe). O Milan anuncia uma retocada geral. Só falta o Barcelona que, com a saída de Romário, terá que se repensar inteiramente. A derrota acachapante para o Real Madrid obriga o Barça a se renovar. Stoichkov, o companheiro de Romário e segunda grande atração time, também não anda querendo nada com a bola. O romeno Hagi, a sensação da Copa, não conseguiu se firmar na Catalunha (parece que, como o Drácula, os jogadores romenos precisam recuperar as suas forças na Transilvânia). O líbero Koeman está cada vez mais lento. E sempre houve um "gap" terrível entre os jogadores estrangeiros e os locais, no time do Barcelona. A média espanhola é de qualidade muito inferior. Duas grandes ironias encontram-se na humilhante derrota dos catalães (quando Real Madrid e Barcelona jogam, está em campo não só uma disputa esportiva, mas também um confronto de identidades): a) Quem defendia a idéia de que o futebol deveria voltar a ser ofensivo era o Cruyff; Jorge Valdano levou a tese para o Real e montou um time que, sob este aspecto, é muito consistente; b) O dinamarquês Michael Laudrup sempre foi pouco valorizado pelo Cruyff. Foi cedido ao Real. Junto com o chileno "Ban Ban" Zamorano ajudou a destruir o Barça do holandês voador. O pecado de Cruyff foi o de ter descoberto muito tarde o que havia de podre no reino da Dinamarca. Por falar em dinamarqueses, eles não tiveram dó dos mexicanos –que perderam quase todo o caixa do país em poucos dias. Despacharam o México da disputa da Copa do Rei, nos pênaltis. Na economia, o México ia muito bem, a Argentina legal, e o Brasil, começa a acertar o seu passinho. Veio o efeito dominó: o México caiu, a Argentina balança e o Brasil observa o rio de piranhas. No futebol, o Mercosul vai de vento em popa. Melhor do que a união européia e o Nafta. Esperamos que, no reino dos valores das bolas, não aconteça o que ocorreu no reino das Bolsas de Valores. Ontem, finalmente, o Corinthians conseguiu vencer uma contra a Parmalat. "Maradona está para o futebol como Mozart está para a música". Assim falou Eric Cantona. Texto Anterior: São-paulinos batem Caxias em Socorro Próximo Texto: Surfista sociólogo Índice |
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