São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Líder da Tchetchênia pede paz com Rússia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da república separatista da Tchetchênia, Djokhar Dudaiev, concedeu ontem uma entrevista coletiva, sua primeira aparição pública em duas semanas.
Num subúrbio 5 km a oeste de Grozni, o presidente pediu uma solução pacífica para o conflito de sua região com a Rússia, disse a agência privada russa "Interfax".
Dudaiev admitiu desistir da independência tchetchena, declarada por ele em outubro de 1991. Ex-general da Força Aérea soviética, ele disse que a noção de independência é "relativa".
Ontem pela manhã, oficiais russos e tchetchenos se reuniram para discutir as condições da trégua.
Na reunião, o general russo Ivan Babitchev e o chefe do Estado-Maior tchetcheno, Aslan Moskhadov, não chegaram a acordo.
Os tchetchenos teriam exigido a retirada dos russos de Grozni antes de prosseguir nas negociações. Diante da exigência, os russos teriam abandonado a reunião.
Na entrevista coletiva, o presidente Dudaiev disse que 18 mil tchetchenos "inocentes" foram mortos desde que tropas russas foram enviadas para a república, em 11 de dezembro último.
Para o presidente do Parlamento tchetcheno, Knamzat Kharoiev, são 18.151 os mortos, dos quais 12.210 em Grozni.
Segundo a Cruz Vermelha, mais de 400 mil pessoas já deixaram suas casas por causa da guerra.
Quase todos os refugiados são de Grozni. Cerca de 260.000 continuam na Tchetchênia, 100.000 foram para a vizinha Inguchétia, 35.000 para o Daguestão e 5.000 para a Ossétia do Norte.
A situação em Grozni era mais calma. Apesar de violado no seu início, o cessar-fogo unilateral russo conseguiu reduzir os combates.
Ainda assim, o edifício da Presidência tchetchena foi atingido por disparos de artilharia russa pelo menos duas vezes.
Segundo a televisão russa, Moscou aproveita o cessar-fogo para enviar reforços e treinar mais tropas para a campanha no Cáucaso.
A situação militar favorece os russos. Suas tropas estão próximas de fechar o cerco à sede da Presidência e outras instalações.
O jornalista alemão Jochen Piest morreu depois que um soldado tchetcheno abriu fogo contra o trem russo em que viajava, a 60 km de Grozni. Ele trabalhava para a revista Stern.
O jornal alemão "Die Zeit" propôs o nome do deputado Serguei Kovaliov como candidato ao Nobel da Paz. Comissário dos direitos humanos de seu país, ele foi a consciência da Rússia na guerra na Tchetchênia, diz o jornal.

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