São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Ocidente se afasta de Ieltsin

NICHOLAS DOUGHTY
DA "REUTER"

As nações ocidentais começaram a se distanciar do presidente russo, Boris Ieltsin, visto até agora como a principal esperança para o futuro de seu país.
Diplomatas dizem que políticos norte-americanos e europeus apostam que Ieltsin se manterá no poder até a eleição de 1996, apesar de estar enfraquecido pela crise na Tchetchênia.
O Ocidente mantém seu apoio a Ieltsin, mas está mais cauteloso do que em qualquer momento desde que ele se tornou presidente da Rússia em 1991, meses antes do colapso da União Soviética.
"Apostamos muito em Ieltsin, porque ele era forte e nossa melhor esperança de uma Rússia democrática", disse um diplomata europeu. "Agora ele tem sangue nas mãos e está claramente enfraquecido. Estamos mais distantes."
Os Estados Unidos e aliados europeus têm pouca alternativa além de apoiar Ieltsin, já que não está claro quem poderia substituí-lo no quadro político progressivamente confuso e fragmentado da Rússia.
Apesar de existirem dúvidas quanto às influências dos conservadores sobre Ieltsin, muitos diplomatas ocidentais acham que ele é uma força moderadora.
O secretário norte-americano de Estado, Warren Christopher, afirmou que uma das razões para o apoio ocidental a Ieltsin é o medo de que novas crises de estilo tchetcheno possam desestabilizar a Rússia, a maior potência européia.
Por isso, protestos internacionais contra o banho de sangue na Tchetchênia têm sido compensados por declarações reconhecendo a república rebelde como parte da Rússia. Essa linha foi repetida numa nota emitida ontem pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos EUA).
Ainda assim, aliados mais próximos de Ieltsin no exterior têm se expressado num grau inusitado de crítica –indicação que o Ocidente não está mais disposto a aceitar seu estilo autocrático.
Até a decisão de recuperar a Tchetchênia pela força em dezembro último, instituições ocidentais faziam o possível para não ofender as sensibilidades russas.

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