São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Arida culpa Sarney pelo fim do Cruzado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do Banco Central, Pérsio Arida, 42, culpou ontem o governo do ex-presidente José Sarney pelo fracasso do Plano Cruzado, editado em 1986. Sarney hoje é senador (PMDB-AP) e aliado do governo.
Em seu discurso de posse, Arida, um dos pais intelectuais dos planos Cruzado e Real, acusou o governo Sarney de "incompreensão e falta de coerência".
Quando o Plano Cruzado foi lançado pelo presidente Sarney, Arida era diretor do BC.
"Volto a esta casa oito anos após tê-la deixado. Naquela ocasião, saí com um sentimento de grande frustração. Nosso país havia perdido uma extraordinária oportunidade de estabilizar sua economia. E a havia perdido não por falta de apoio da população, mas por incompreensão e falta de coerência do governo que a dirigia", disse.
Arida voltou a defender ontem a privatização dos bancos estaduais, o fim de barreiras que impedem a livre concorrência, a independência do BC e o ajuste fiscal, mesmo sob pena de "postergar o atendimento de demandas justas".
Disse que uma moeda estável não pode conviver com o uso político dos bancos estaduais a cada eleição. A cada quatro anos, disse, bancos oficiais emitem moeda "às custas do Banco Central".
Arida afirmou que a revisão da Constituição depende do Congresso e, sem ela, a estabilidade monetária está condenada ao fracasso.
Outro lado
O ex-presidente José Sarney (1985-1990) afirmou ontem que o Plano Cruzado não fracassou. Segundo sua avaliação, as críticas de Arida devem se referir à equipe técnica que elaborou o plano e não ao governo na sua totalidade.
O Cruzado "falhou" porque "o mundo era outro e o país não dispunha de reservas cambiais", afirmou. Sarney disse não aceitar a avaliação de que plano fracassou.
Para ele, o plano permitiu que a sociedade tivesse, pela primeira vez, consciência de sua cidadania.
Sarney elogiou Arida: "Sou um grande admirador dele, ele é o mais brilhante de todos."

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