São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Quércia e Fleury duelam para se recuperar

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ex-governadores e ex-aliados Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho vão usar as próximas disputas internas do PMDB para tentar se recuperar de suas recentes derrotas políticas.
Quércia perdeu o comando nacional do partido e amargou um quarto lugar na eleição para a Presidência da República.
O candidato de Fleury também ficou na quarta posição na escolha de seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes. O ex-governador deixou o governo de São Paulo acusado de ter quebrado as finanças do Estado.
O primeiro lance para recuperar prestígio e liderança dos dois derrotados será o embate pelo controle do PMDB paulista. O processo pode se transformar em uma antropofagia política.
Ambos já decidiram ter representantes às eleições dos Diretórios Municipais e Zonais do PMDB (12 de março) e do Diretório Estadual (28 de maio).
Recolhido ao ostracismo desde que perdeu a eleição presidencial, Quércia deu sinal às vésperas do Natal de que seu exílio político tem tempo marcado para terminar.
Os políticos que fizeram fila em seu escritório para os cumprimentos natalinos receberam um recado. "Quero que o partido fique sob o controle dos meus amigos".
A declaração mostra o grau de deterioração do relacionamento entre os ex-governadores. Quércia, padrinho político de Fleury, acusa seu afilhado de tê-lo abandonado na campanha eleitoral.
Para os fleuryzistas, o afastamento entre os dois derrotados contribui para aproximar seu líder e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Para eles, Fleury é o contraponto de Quércia no PMDB.
Na avaliação desse grupo, se Quércia se revitalizar como líder do partido, poderá dificultar o apoio do PMDB a FHC. Por esse motivo, acreditam que o Palácio do Planalto deverá engrossar a torcida pró-Fleury.
Os ex-governadores já têm planos para depois da disputa no PMDB de São Paulo. Eu não vou deixar de fazer política, disse Quércia. Seus correligionários contam que ele está convencido de que a curto e médio prazos seu horizonte é São Paulo.
Alguns desses amigos já arriscam prognósticos de que, dependendo do seu desempenho no PMDB paulista, poderá aceitar o desafio de se candidatar a governador do Estado em 1998.
No beija-mão de Natal, Quércia tentou mostrar-se pragmático. "Essa é a era dos tucanos. Vamos esperar primeiro eles quebrarem os bicos", disse.
No caso de seu ex-aliado, seus planos são mais ambiciosos. Um deles é a disputa pela presidência do PMDB –marcada para 10 de setembro. O outro é concorrer à Prefeitura paulistana, em 1996.
Fleury aposta na popularidade do senador eleito Romeu Tuma (PL) para engordar sua candidatura. Quer ele como vice em sua chapa e até já reservou uma sala para Tuma no escritório político que montou em São Paulo.

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