São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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'PMDB é confederação bósnia'

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dividido, o PMDB tenta a presidência da Mesa da Assembléia como sua tábua de salvação no Estado.
É a Mesa da Assembléia que determina a pauta de votações. Com ela, o partido se manteria dentro do jogo político com capacidade de trombar com o Executivo.
O primeiro dilema do PMDB, porém, é tentar acomodar as diferenças internas da bancada. "O partido é uma confederação bósnia", diz o deputado Mauro Bragato.
Para ele, integrante da chamada "esquerda do PMDB" (por ser amigo de Covas e com boa circulação entre os petistas), o partido está numa sinuca. "Ou bate forte e fica com a corda no pescoço, ou compõe com o governo e pode virar um PFL da vida", diz.
Bragato é um dos pré-candidatos do PMDB à presidência da Mesa na Assembléia. Com ele, concorrem, com chances, Paschoal Thomeu e Uebe Rezeck.
Segundo Bragato, o partido agora deve "mudar de cara". Ou seja, voltar às origens e marcar posição de centro-esquerda, fazendo oposição "consequente". "O fardo do PMDB é pesado. Os governos do PMDB foram por demais promíscuos", reconhece (leia reportagem à página 1-15).
Para se viabilizar à presidência da Casa, Bragato precisa atrair 13 dos 23 deputados da bancada à sua candidatura.
Só assim o PMDB poderia pensar em seduzir o PT, que tem a terceira maior bancada.
O problema é que, no momento, o PT está mais disposto a dar a presidência a um tucano. Pela primeira vez, o PT jogaria no lixo a defesa que sempre fez da proporcionalidade de representação na Mesa.
Por ela, o PMDB, que tem a maior bancada, deveria fazer a presidência. O PSDB (segunda bancada) e o PT ficariam com a primeira e segunda secretarias.
Contra o PMDB, pesa os anos de "rolo compressor", do tempo em que a Assembléia era apenas um "escritório de despachos" do governo.
"No momento, a tendência é apoiarmos um candidato do PSDB", afirma Luiz Carlos da Silva, o líder da bancada petista. Em troca, ficaria garantido ao PT uma secretaria. O PPR participa dessa articulação.
Peemedebistas vêem nessa estratégia um suposto desejo de os tucanos iniciarem uma tentativa de extermínio do maior partido de São Paulo.
"Fiquei sabendo até que eles (os tucanos) vão demitir todo o segundo e terceiro escalões, para quebrar o PMDB", confidenciou um adesista.

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