São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Alta de serviços supera inflação

LILIANA LAVORATTI
VIVALDO DE SOUSA

LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os preços dos serviços subiram três vezes mais que a inflação verificada após a criação do real.
Enquanto a inflação medida pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ficou em 18,30% no segundo semestre de 94, os serviços subiram 59,72%.
O economista Guilherme Dias, assessor da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, disse que os preços dos serviços subiram de patamar e não devem cair com a estabilização econômica. Isso significa que o brasileiro vai pagar mais pelos serviços de terceiros.
O maior aumento foi verificado entre os cabeleireiros, com 66,15%. As despesas com barbeiro aumentaram 56,84% e os gastos com alfaiate e costureira subiram 60,59%, de julho a dezembro do ano passado. Os gastos com sapateiro e tintureiro subiram, respectivamente, 52,37% e 30,97%.
O aumento médio dos serviços, segundo a Fipe, ficou em 59,72%. Se comparado com a inflação medida pelo IPC-r –índice oficial do governo usado para corrigir os salários–, o trabalhador continua em desvantagem: o IPC-r variou 22,07% entre julho e dezembro do ano passado.
Ao contrário dos preços dos bens duráveis, influenciados pela abertura comercial e redução das alíquotas de importação, isso não ocorreu com os serviços, explicou o secretário-adjunto de Política Econômica, Gesner Oliveira.
"Os preços dos serviços são definidos pela demanda e credibilidade no mercado", disse Gesner.
Este comportamento dos preços dos serviços ocorreu também nos planos de estabilização da Argentina e México, segundo Gesner.
A reacomodação para cima dos preços também ocorreu em outros tipos de serviços, como os aluguéis, um dos que mais subiram após a implantação do real.
Como os serviços não sofrem concorrência externa, a expectativa do governo é que a procura por esses serviços diminua nos próximos meses.
O maior uso dos serviços ocorreu, segundo análise da área econômica do governo, porque houve um aumento real dos salários com a queda da inflação desde julho do ano passado.

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