São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Poesia gay se afirma nos EUA

HORÁCIO COSTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao cantar em sua obra o amor viril, fundamental para a construção utopizante da América do século passado, Walt Whitman já privilegiava o que chamou "amor entre os camaradas", dele excluindo, entretanto, a genitalidade.
O homoerotismo whitmaninano –que foi absorvido por Fernando Pessoa, basta ler sem preconceito as odes de Álvaro de Campos– frutificou no presente século na literatura norte-americana, de Langston Hughes e Hart Crane ao presente.
Além do movimento beat, com epicentro na Califórnia, na costa Leste, principalmente em Nova York, toda uma vertente de expressão homossexual se afirmou ao longo das últimas décadas. Nela se inserem alguns dos nomes a seguir traduzidos.
Richard Howard (1929), James Merrill (1926) e J.D. McClatchy (1947) pertencem a duas gerações de "easterners" que reconhecem em Elizabeth Bishop (1911-1979), a poeta norte-americana que viveu no Brasil por mais de 15 anos, uma predecessora. Bishop jamais tratou diretamente do tema lésbico em sua poesia, ao contrário desses três poetas, que reivindicam a questão gay, como os respectivos poemas aqui incluídos patenteiam.
Por sua vez, Frank O'Hara (1926-1966) pode ser visto como um ponto de união entre a sensibilidade beat e os poetas do Leste. Adrienne Rich (1929) é atualmente reconhecida como a "decana" da poesia homossexual feminista norte-americana. John Ashbery (1927) é sem dúvida um dos nomes mais importantes do cenário da poesia norte-americana contemporânea.
Nos Estados Unidos e no Canadá os estudos homossexuais e feministas ocupam um espaço cada vez maior no âmbito universitário. Ao longo da última década, uma teoria abrangente –a "queer theory" ("teoria bicha")– vem tratando de desmontar noções centrais sobre a história e o comportamento social dos norte-americanos, para horror e surpresa do establishment acadêmico local.

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