São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995
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O aumento

O aumento

O aumento salarial para parlamentares, presidente, vice e ministros (ou seja, para políticos) costuma ser duramente criticado. Argumenta-se, não sem uma certa razão, que muitos deles trabalham pouco, faltam a seus compromissos e, pior, alguns chegam mesmo a roubar o patrimônio público.
Ocorre porém que, independentemente de crápulas que eventualmente ocupem um desses cargos, é evidente que um deputado, senador, presidente ou ministro têm de ganhar bem. E têm de ganhar bem não apenas para evitar a tentação da prática de negociatas, mas principalmente para não excluir da vida pública pessoas que poderiam contribuir –e muito– para a melhoria do país, mas não o fazem devido aos baixos rendimentos.
E os valores pagos, mesmo majorados e incluídos todos os benefícios indiretos e ajudas de custo, ainda resultam em salários significativamente inferiores aos concedidos pela iniciativa privada a seus principais executivos.
Atualmente existem três categorias de pessoas que buscam a vida pública: os que gostam do que fazem, os que não têm escrúpulos de usar o cargo para enriquecer e os que ocupam o posto apenas para ganhar projeção e, depois, engordar seu salário na iniciativa privada. Ou seja, na imensa maioria dos casos, os servidores públicos da mais alta categoria se servem do Estado em vez de a ele servir.
Para diminuir essa distorção, é importante que os mais altos postos do Estado sejam bem remunerados. O melhor mesmo, em nome da transparência, seria que os vencimentos incluíssem os benefícios hoje concedidos indiretamente. Afinal, qual é a lógica em presentear cada congressista de todo o Brasil com uma passagem por mês para o Rio de Janeiro, que deixou de ser a capital do país há 35 anos?

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