São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Rio pede a FHC mudança em ação militar

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

Em sua visita ao Rio, hoje, o presidente Fernando Henrique Cardoso deve ouvir do movimento Viva Rio a proposta de redefinição do papel das Forças Armadas no combate ao crime organizado.
O movimento e o governador Marcello Alencar (PSDB) vão pedir ao presidente que renove o convênio das Forças Armadas com as polícias do Estado, que se esgota no próximo dia 31.
Segundo o sociólogo Rubens César Fernandes, coordenador do Viva Rio (que reúne as principais entidades da sociedade civil), o movimento quer que o Exército abandone as ações ostensivas nos morros, dê prioridade à segurança dos favelados, reequipe as polícias estaduais e reforce a vigilância nas fronteiras contra o tráfico.
Segundo Fernandes, ao invés de resgatar a autoridade nas comunidades dominadas por traficantes, segundo o sociólogo, a ação do Exército tem humilhado os moradores, colocando-os na defensiva.
Para conquistar a confiança das comunidades carentes, segundo Fernandes, o Exército deveria abrir espaço para a prestação de serviços nesses locais.
"É preciso ganhar a confiança do povo, ouvir queixas e garantir a presença da imprensa em trabalhos investigativos." Na avaliação de Fernandes, a ação ostensiva foi importante no início para "restabelecer a autoridade", mas não resultou em prisões significativas.
"A criminalidade não foi atingida diretamente. Apenas se retraiu e as ações militares passaram a simplesmente reproduzir padrões de discriminação. Nesse clima, é inimaginável que o morador da favela queira a polícia patrulhando."
O Viva Rio vai pedir ainda a FHC verbas para a ampliação do Porto de Sepetiba, ao sul da região metropolitana, a transferência do Banco Central de Brasília para o Rio e o leilão de imóveis federais subutilizados na cidade.

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