São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Meryl Streep afunda corredeira abaixo

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: O Rio Selvagem
Produção: EUA, 1994, 109 min.
Direção: Curtis Hanson
Roteiro: Denis O'Neill
Elenco: Meryl Streep, David Strathairn, Joseph Mazzello, Kevin Bacon
Estréia: hoje nos cines Metro 1, Gemini 2, Bristol, Olido, Ipiranga, Eldorado e circuito

Família em perigo –parece que o diretor Curtis Hanson gostou deste mote. Depois de fazer o suspense "A Mão que Balança o Berço", sobre babá que se revela o diabo, vem com este "O Rio Selvagem", sobre galã que se revela bandido.
É um dos filmes mais bobos dos últimos tempos. Nem o rio é tão selvagem, nem o bandido tão perigoso. A meia hora final consiste basicamente em Meryl Streep gritando em cima de uma barca.
A atriz, neste seu primeiro filme dito de ação, interpreta Gail, uma ex-guia de excursão que resolve levar seu filho para uma viagem rio abaixo. Em termos de ação, Meryl Streep sabe gritar e dar ordens.
As coisas não andam muito bem entre Gail e seu marido Tom (David Strathairn), mas na última hora ele decide ir junto. Para infelicidade dela, que já estava de olho no galã/bandido (Kevin Bacon) do barco ao lado.
Enfim, seguem pai, mãe e filho rio abaixo para o que deveria ser uma divertida aventura familiar. Algumas águas rolam e a família descobre que os simpáticos rapazes do barco ao lado são bandidos e vão obrigá-la a enfrentar o trecho mais perigoso do rio.
Quando jovem, Gail havia atravessado esse trecho. Mas ela sabe que a natureza não deve ser desafiada, principalmente porque seu filho Roarke (Joseph Mazzello) também está no barco.
Mãe e pai vão se consagrar heróis aos olhos do filho, que, num primeiro momento, também se deixa seduzir pelo bandido. Como já era de se esperar, vence o bem, vence a família.
Mais do que no roteiro moralista e previsível, o filme de Curtis Hanson afunda nas próprias cenas de ação. O espectador fica enjoado com todas aquelas tomadas do barco pulando e balançando. É como assistir um carrinho descendo pela montanha-russa: dá enjôo, mas não tem emoção.
Como se não bastasse, o filme é ainda todo permeado de frases politicamente corretas sobre como se deve respeitar a natureza. De fato, pelo menos os produtores de Hollywood podiam levar isso a sério e deixar de usar a natureza como "cenário maravilhoso" que justifica qualquer roteiro.

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