São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Mordomia de volta

Nem completou um mês e o governo Fernando Henrique Cardoso já decepciona aqueles que imaginavam que sua gestão seria marcada por demonstrações públicas de austeridade.
O presidente não apenas não avançou como até retrocedeu na simbólica esfera das mordomias oficiais, recriando privilégios extintos no governo Collor. Além da Presidência e dos ministros, cerca de 200 funcionários do Executivo terão agora direito a carro oficial e combustível pagos pelo contribuinte.
Apesar do seu custo, comparativamente irrisório, trata-se de uma decisão deplorável. Ela contraria todo o discurso de rigor nos gastos do governo e torna-se particularmente ofensiva num momento em que se discute a dificuldade de as contas públicas suportarem o aumento do salário mínimo para míseros R$ 100.
A nova mordomia manda um sinal claro e desapontador de que o governo FHC é muito menos diferente do que se anunciava. Depois disso, falta apenas o presidente ratificar a obscena anistia dos parlamentares para frustrar a opinião pública quanto à preocupação ética do seu novo presidente.

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