São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Cacimba ou boldró

CARLOS SARLI

A versatilidade dos surfistas foi posta à toda prova durante o OP Pro Cannon. Da primeira fase, com ondas medidas em centímetros na praia de Maracaípe (PE), até as de oito pés que rolaram em Fernando de Noronha, foi uma longa viagem.
Entre competidores, organizadores, técnicos, jornalistas e infiltrados, foram umas 90 pessoas que seguiram o evento.
Foi uma operação de guerra, envolvendo oito vôos entre fretados e de linha. Pranchas para todo lado, equipamento fotográfico, computadores e até alguns galões de água para suprir uma eventual escassez, não comprovada.
No Bandeirantes, ninguém à bordo conhecia a ilha. Na escala, em Natal, uma pane nos obrigou a pagar um mico de quatro horas. Na chegada, deu para reconhecer as pedras em forma de seios, que identificam a Cacimba do Padre, e ver a ondulação entrando forte.
À tarde, toda a galera se reuniu no Boldró para avaliar as condições –grande e fechando– e combinar o roteiro do dia seguinte. Ficou acertado um encontro lá mesmo, às 9h.
A terça-feira amanheceu com as mesmas condições. Com a maré cheia, o mar ficava impraticável. Só à tarde, com a maré vazando, foi possível a realização das baterias da "expression session". Poucas manobras e muitos "drops kamikases".
Paulinho do Tombo, com três pontos na testa costurados no primeiro dia de ilha, levou os US$ 600 de prêmio com um batidão de back side.
Na quarta-feira, o dia D. As ondas estavam um pouco menores, com boas condições. O circo foi todo para a Cacimba do Padre. Por volta de dez horas, as baterias de quartas-de-final entraram na água.
O campeonato foi afunilando. A primeira grande surpresa foi a desclassificação de um dos favoritos na semifinal, Fabio Gouveia, que vinha surfando muito bem.
A bateria final foi um festival de tubos. Renan Rocha não confirmou o desempenho das baterias anteriores e terminou em quarto. Jojó de Olivença, com um belo tubo de back side, garantiu o terceiro lugar.
Jair de Oliveira, regular durante toda a bateria, ficou com o vice. E o grande campeão, atualmente sem um patrocinador fixo, foi o paulista Ricardo Toledo.
A expectativa com relação à realização do campeonato em Noronha era bastante positiva, e vingou.

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