São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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TVs pagas investem na música clássica

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

As emissoras por assinatura estão ampliando o leque de escolhas do telespectador interessado em música clássica. Eles dispõem agora de concertos e de pelo menos uma ópera aos domingos.
O grosso da programação está concentrado no Multishow, canal da Globosat que é distribuído em São Paulo pela Net e Multicanal.
A emissora, acessível por cabo e parabólica, lança a partir de março –nas terças-feiras, sempre às 21h30– um programa de balé e música sinfônica com programação a ser ainda definida.
Em dois sábados de fevereiro, dia 4, às 18h, e dia 18, às 15h, também estão programados concertos.
A TVA, por antena microonda e cabo, possui uma programação menos regular em seu canal Superstation. Nos domingos 5 de fevereiro e 12 de março, levará ao ar duas produções compradas da CBC, do Canadá, a primeira com os grupos de balé La La La Human Steps e Kokoro e a segunda com a pianista Janina Fialkowska.
O mesmo programa, em 19 de março, traz um especial com Luciano Pavarotti, montado com entrevistas e uma colagem de interpretações.
Um terceiro pacote de opções é oferecido pela TV5, emissora em francês programada por um consórcio integrado pela França, Bélgica, Suíça e Canadá.
Ela possui, às quartas-feiras, um programa chamado "Planète Musique", que seleciona produções dos canais públicos franceses e da suíça SSR.
Em fevereiro e março, no entanto, a TV5 deixa de lado o "starsystem" e seus nomes conhecidos para a apresentação dos 25 finalistas do concurso "Jeunes Solistas" (Jovens Solistas), uma produção da TV estatal belga.
Algumas lacunas na rede de canais por assinatura são difíceis de compreender. A Deutsche Welle, por exemplo, não programou para fevereiro um só minuto do imenso acervo que os canais públicos da Alemanha registram, nas quase 50 cenas líricas e centenas de salas de concerto daquele país.
No fundo, é como se o princípio da segmentação do público se aplicasse bem menos que se imagina a esses canais de captação mundial, que poderiam fazer da música clássica um de seus pratos de resistência.
O canal Multishow, da Globosat, é uma louvável exceção. Comprou um pacote de montagens do Scala de Milão e traz amostragens das atuais tendências de direção cênica. Riccardo Mutti é, em quase todas elas, um maestro tecnicamente impecável.
Em janeiro, exibiu um "Guilherme Tell", de Rossini, em que os cenários eram telas de projeção para filmes em 35 milímetros, numa espécie de multimidiatização do espetáculo lírico.
Um único ponto desagradável está nas referências incompletas que deixam o telespectador de ópera absolutamente frustrado. No último domingo, por exemplo, o Multishow levou ao ar um "L'Elissir d'Amore", de Donizetti, mas sem anunciar sequer os nomes dos parceiros de Pavarotti em cena ou o maestro que dirigia a orquestra do Metropolitan Opera House, de Nova York.

O articulista JOSÉ SIMÃO está em férias até a segunda semana de fevereiro

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