São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Simon diz que Sarney quer Senado como trampolim para Presidência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou ontem que seu principal adversário na disputa pela presidência do Senado, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), quer usar o cargo para voltar à Presidência da República. O terceiro candidato é Iris Rezende (GO)
"A presidência do Senado é para trabalhar e não para projetos pessoais", disse Simon, em entrevista na qual atacou o adversário e o PMDB: "Não sei se o Sarney não é a cara do PMDB ou se o PMDB tem a cara do Sarney".
Para Simon, o ex-presidente deveria ter levado para o PMDB sua filha Roseana, eleita governadora do Maranhão pelo PFL, e o filho Sarney Filho, deputado do PFL. "Ele ficou no PMDB e não trouxe os filhos e os amigos", disse.
Simon alertou para a possibilidade de Sarney, na presidência do Congresso, não apoiar a reforma tributária, "que contraria interesses dos governadores, e ele tem uma filha governadora".
A reunião dos 22 senadores da nova bancada do PMDB para escolher o novo presidente do Senado (a indicação cabe ao PMDB por ter o maior número de senadores) será na próxima terça-feira, às 9h. Para Simon, será uma "reunião de cartas marcadas".
Ele alega que quem fez a convocação e definiu as regras foi o atual líder do partido, senador Mauro Benevides (CE), que "tem compromisso com Sarney".
Acompanharam a entrevista de Simon os senadores eleitos Roberto Requião (PR), Casildo Maldoner (SC) e José Fogaça (RS), que o apóiam. O ex-governador da Paraíba e senador eleito Ronaldo Cunha Lima passou pelo local da entrevista, mas não compôs a mesa.
Cunha Lima, Humberto Lucena e Ney Suassuna, os três senadores do PMDB da Paraíba, podem decidir a eleição. Seus votos estão sendo disputados pelos três candidatos.

Resposta
O senador José Sarney (AP) disse ontem à Folha que as críticas de Simon não têm fundamento. "Sou o parlamentar mais antigo do Congresso Nacional e tenho legitimidade para me lançar à presidência do Senado", afirmou.
Sarney garantiu que não pretende se lançar na disputa pela Presidência da República em 98: "Já fui presidente".
Ele lembrou que fez "muito pelo PMDB" e que não pode ser cobrado por não ter levado seus filhos para o partido.
"Quando fui presidente da República, elegi 22 governadores do PMDB, inclusive o (atual) senador Pedro Simon", comentou. Simon foi eleito governador do Rio Grande do Sul, em 1986, junto com outros peemedebistas, no auge do Plano Cruzado.

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