São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995 |
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Torneio vive fase de 'entressafra'
MARCELO DAMATO
Pela primeira vez nesta década, o Campeonato Paulista está ameaçado de ser ofuscado pela competição do Rio, animada pela formação do supertime do Flamengo e pelo novo contrato de patrocínio do Botafogo. Os supertimes venderam alguns de seus principais jogadores –Muller e Cafu, no São Paulo, e Zinho, Evair e César Sampaio, no Palmeiras– e não contrataram substitutos que estejam, para os olhos da torcida, no mesmo nível. O caso mais típico dessa mudança de atitude é o do Palmeiras. Pela primeira vez desde o acordo com a Parmalat, o clube vende jogadores considerados titulares no início de um ano. Também pela primeira vez, contrata jogadores mais baratos do que os que foram vendidos. Em 1993, o time trouxe o atacante Edmundo, o meia Edílson e o lateral Roberto Carlos. Mais tarde ainda trouxe o zagueiro Cléber. Em 1994, trouxe o meia colombiano Rincón. Os primeiros sinais da operação desmanche aconteceram na época da Copa. Saíram três meias de uma vez: Edílson (para um clube de Portugal), Mazinho (Espanha) e Rincón (Itália). Mas o Palmeiras trouxe Rivaldo e ainda teve a ascensão de Flávio Conceição. A equipe caiu um pouco, mas o entrosamento de um ano e meio compensou isso. Neste ano, foi diferente. Saíram os titulares Zinho, César Sampaio e Evair, três dos quatro atletas mais experientes do Palmeiras (o outro é Antônio Carlos), e chegaram outros sem igual expressão. O meia Válber (leia texto abaixo) carrega a imagem de ser um jogador que cai em decisões. Trellez estava na reserva no Boca Juniors e ainda traz o peso de ser –reserva– da Colômbia, o maior fiasco do Mundial dos EUA. Mancuso foi só reserva na seleção da Argentina que fracassou na Copa. No Corinthians, todos os três reforços são jogadores que estavam postos de lado em seus clubes: o lateral Vítor (São Paulo), o volante Bernardo (Bayern de Munique) e o atacante Elivélton (Nagoya, do Japão). Com exceção de Vítor, eles devem até ficar na reserva, em princípio. A única contratação de destaque, o meia Souza (que já estava na equipe) parece ter esvaziado os cofres do clube. O São Paulo decidiu investir nos jogadores do "Expressinho". É uma solução mais barata –útil para quem precisa reformar o Morumbi– e pode até dar resultado, mas neste momento está longe de criar a imagem de um time forte. O Santos, quarta torcida do Estado, está ameaçado de rebaixamento. O clube vendeu seus jogadores mais valorizados –o lateral Índio e o volante Dinho– para pagar as dívidas e poder fixar o teto salarial em R$ 10 mil. Até jogadores que nem foram titulares durante todo o ano, como Gallo e Ranielli, querem sair. Fazendo um paralelo com a Bolsa de Valores poderia se dizer que os maiores times usaram a pré-temporada para a "realização de lucros". Texto Anterior: FPF organiza comissão para salvar estado dos gramados Próximo Texto: Os supertimes desaparecem e campeonato fica nivelado Índice |
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