São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Líderes pregam paz mundial em Auschwitz

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes de 25 países, entre eles 16 chefes de Estado, juntaram-se a sobreviventes do campo de extermínio nazista de Auschwitz para lembrar os 50 anos da libertação. Cerca de 5.000 pessoas participaram da solenidade na Polônia.
Velas foram acesas ao longo da ferrovia que levou prisioneiros para o campo. Foram recitadas orações judaica, católica, protestante, cristã ortodoxa e muçulmana.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram no campo.
Sobrevivente do campo e chefe da delegação norte-americana, o Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel afirmou ser "verdade que nem todas as vítimas eram judeus. Mas todos os judeus foram vítimas".
Os representantes das delegações nacionais assinaram uma declaração conjunta aos povos do mundo. Ela descreve Auschwitz como o maior crime da história.
"Pedimos a todas as nações e povos que parem com o fanatismo e a violência. Chega de guerra e morte", completou.
O documento foi subscrito pelo correio pelos Prêmios Nobel da Paz Henry Kissinger (ex-secretário de Estado norte-americano), Nelson Mandela (presidente da África do Sul), Frederik de Klerk (vice-presidente sul-africano) e o Dalai Lama (líder budista tibetano).
Alguns líderes judeus boicotaram a cerimônia de ontem, entre eles o presidente do Congresso Judaico Europeu, Jean Khan.
Anfitrião da cerimônia, o presidente da Polônia, Lech Walesa, referiu-se pela primeira vez nas solenidades oficiais ao sofrimento dos judeus. Ao atravessar o portão com a inscrição Arbeit macht frei (o trabalho liberta), ele afirmou: "Esta é a estrada do martírio das nações, especialmente da nação judaica".
Walesa entrou no campo acompanhado por Wiesel, pelo presidente do Parlamento de Israel, Shevach Weiss, e pela ministra de Assuntos Sociais da França, Simone Veil –ela própria uma sobrevivente de Auschwitz.
Estavam presentes, entre outros, a rainha Beatrix (Holanda), os presidentes Roman Herzog (Alemanha), Thomas Klestil (Áustria), Jeliu Jelev (Bulgária), Arpad Goencz (Hungria) e Vaclav Havel (República Tcheca).

Uma delegação de ciganos alemães acompanhou o presidente Herzog em sua visita ao campo. Pelo menos 20 mil ciganos foram mortos em Auschwitz.
"O destino nos uniu, apesar de estarmos divididos por cercas", disse Roman Kwiatkowski, líder dos ciganos da Polônia.

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